É tanta frase positiva, tanta exalação de sentimento bom, tantas aspas anônimas... Prefiro não dizer essas palavras bonitas e leves, tão leves que não precisam de grandes ventanias, mas somente um sopro para voarem. Quero palavras firmes, que precisem de um furacão para serem retiradas de suas raízes. Quero palavras fortes, que se façam ouvir a quilômetros de distância, a décadas e décadas que se passem. Quero palavras marcantes, que inspirem, traduzam, provoquem. Que façam refletir, confundir, refazer, mudar. Quero palavras com o poder de mãos humanas, que sacudam nossas cabeças e balancem nossos corações. Que puxem nossos pés, que abram nossas bocas e soltem a nossa voz.
Quero a perfeição da palavra bem escrita, o som da palavra bem proclamada, o efeito da palavra escutada. Quero o impacto das palavras lançadas inconscientemente, e a determinação das palavras premeditadas. Quero a rima do fim do verso, mas o sentimento de todo o coração. Quero a síntese da dissertação, mas a subjetividade do conto. Quero a instrução da receita, mas quero também a liberdade do romance.
Quero o poder na ponta da caneta, a alma transcrita pelos dedos corridos, a emoção da lágrima que borra o papel e do batom que mancha a carta. Quero tudo isso, uma assinatura bonita e boas histórias para contar. E, como se tudo isso não fosse pouco, quero viver as histórias antes, porque um pouco de veracidade nunca é demais.
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