Não tem muito tempo que me bateu uma vontade louca de viajar. Deu vontade de sair por aí sem rumo, de conhecer gente nova, de visitar lugares novos, que já são tão velhos. Bateu uma vontade de criar asas e voar por novos ares, nadar em novos mares, conhecer outros pares.
Não deu vontade de decidir, deu vontade de multiplicar. Conhecer o mundo todo, em ordem aleatória, sem ter que escolher entre o sorvete e o chocolate. Deu vontade de pegar todos aqueles livros que estão na minha estante, só esperando o próximo feriado, e começar a ler todos de uma vez, uma página de cada. A minha vontade foi de confundir tudo de vez, jogar pro alto e embaralhar as cartas.
E aí, no meio dessa confusão toda que eu mesma criei, surgiu você, assim sem saber por quê. E logo eu, que sempre ouvi que não devia deixar que ninguém atrapalhasse meus planos ou desviasse do caminho; logo eu, que em mim mesma já tinha os caminhos embaralhados; eu mesma fui querer me embaralhar com você. E você, que sempre foi tão errado, decidiu se acertar pra dizer que não queria me atrapalhar.
Como se você fosse mesmo enquadrado! Eu bem que te conhecia como uma espiral sem fim, um quase-círculo ideal para mim. E você me vinha com essa preocupação tola de planos? Quem disse que um dia tive isso definido? Meu plano agora era me jogar de cabeça, meu caminho me levava a me perder com você. Eu nunca quis limitar a sua liberdade, mas o seu medo era que a sua presença me fizesse auto-limitar. Não só a minha liberdade, você disse, mas os meus planos e sonhos.
Você não sabia que eu já queria cair no mundo sozinha. Você achava que eu queria saber onde você estava, quando nem eu sabia onde queria estar. Você queria voar sozinho, e achava que era melhor eu seguir o meu caminho. Pés no chão, você disse uma vez. Você passou, e eu só queria ser passarinho contigo.
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