Só vai embora, lembrança. E vai batendo a porta, não deixa entreaberta. Sai fazendo escândalo, grita bem alto para que eu ouça todas as letras. Quebra logo um jarro, para o impacto me dar um choque de realidade. Xinga, se exibe, mas cai fora. Vai embora, lembrança, que até a presença da sua ausência já não é mais bem vinda. Aproveita que eu tô poética, e me faz esse favor: transforma esse vazio em dor, que eu transformo a dor em poema e a vida trata de transformar em amor. Diz umas palavras bem duras, cospe mágoas por aí, para eu pegar as lágrimas e transpor o papel, enfiar numa garrafa e mandar tudo para bem longe. Só não fica aí à espreita, parecendo que já não existe, mas de vez em nunca respirando só pra dizer que não morreu. Se manca, lembrança, e se manda daqui.
O amor precisa ser livre. Se não for, simplesmente não será amor. O amor precisa ser livre como passarinho. Precisa poder voar. Precisa ter a liberdade de construir outro ninho. O amor precisa ficar porque quer estar. Não adianta muito ficar apenas porque as asas cortadas já não conseguem voar. O amor precisa ser livre - no início, no meio e no final - para que continue sendo amor, não posse. Precisa ser livre para poder se transformar, sem se prender em amarras. Só o amor livre consegue se transmutar em outras formas de gostar. O amor precisa ser livre, ainda que seja para voarmos para longe dele. É preciso perceber a hora de pousar, mas também a de ir embora. O amor livre é aquele que se alegra com os grandes voos do outro, mesmo que os ventos levem para outros caminhos. Gosto da metáfora do amor-passarinho: dos voos, dos ninhos, da beleza de poder ir, da sinceridade do querer ficar, da independência de conseguir planar sozinho. Meu amor-passarinho vive d
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