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Mostrando postagens de novembro, 2015

Essa é minha declaração de amor

   Eu te conheço há tanto tempo! E, sinceramente, acho que, desde que te conheci, nunca esqueci. Não há um dia na minha vida - sem exagero - que eu não pense em você. Não há um dia que eu não deseje te ver, te tocar, me lambuzar com você. Não há um dia que eu não sorria ao sentir seu cheiro, seu gosto, ao saber que, em breve, vou te ter.    Acho que me viciei em você. Acho não, tenho certeza. Uma certeza tão certa quanto a de que um dia vou morrer. Sabe aquele final de semana que fui passar na praia? Fiquei louca quando percebi que você não tinha ido junto. Acho que entrei em abstinência. Eu até pesquisei sobre o caso, se quer saber. Tem a ver com hormônios, com a dose de dopamina. E a dopamina que você me faz liberar... É de impressionar. Mas claro que teria a ver, eu não precisava nem pesquisar. É a bioquímica do amor, posta em ação pelo seu sabor.    E olha que eu demorei para admitir tamanha paixão. Achava que dava para me controlar. Tolinha, eu. Achava que, tendo um pouqu

Nosso momento passou

   Já passou da hora de te dizer adeus. Já passou da hora de me virar, andar para longe sem olhar para trás. Já passou da hora de tirar suas fotos dos meus porta-retratos, de jogar as flores mortas fora, de tirar a água do jarro. Já passou da hora de guardar suas cartas, devolver o que você esqueceu em minha casa, quitar as contas dessa história.    Já deixei a hora passar algumas vezes, mas juro que agora é oficial! Coloquei no meu despertador e tudo. Preparei a sala, a mala e as lágrimas. Te espero com um jantar saboroso, um clima agradável, e te preparo para ouvir o que menos queria. Mas é que eu preciso. Nós precisamos, porque já não existe mais um nós vivendo sob isso tudo. Separei todas as suas coisas nessa mala, que assim você não precisa reviver os nossos momentos, nem os nossos ainda não-momentos, que não vão mais acontecer, só para recolher o que falta. Você não merece passar por esse sofrimento. Mas merece menos ainda ficar preso a algo que já deu tudo o que tinha de

Aquela simples amizade

   “Ei, Jade, o que está lendo?” ou “Ei, Jade, você já fez o fichamento que o Bigode pediu?” ou “Ei, Jade, posso almoçar na sua casa hoje?”. Era sempre assim. Ela estava sempre distraída demais, ou entretida demais, ou empolgada demais. Ele era mais pé no chão. O que os dois eram? Bem, até uns três meses atrás, em fevereiro, não eram absolutamente nada. Não existia os dois . Sim, eles se conheciam. Sim, eles tinham estudado juntos na terceira ou quarta série. Eles sabiam o nome um do outro, se esbarravam ocasionalmente pelos corredores do colégio ou nas festas que frequentavam, possuíam alguns amigos em comum. E, no máximo, tinham trocado algumas palavras umas dez vezes na vida.    Tudo mudou em janeiro, quando a lista dos aprovados saiu. Curso difícil, concorrência alta, faculdade federal. É claro que Jade não esperava passar. Fez a prova por desencargo de consciência, para dizer a todo mundo que não era tão irresponsável assim, que pelo menos tinha tentado. Não se preocupou em esp

Abraço de aeroporto

   Eu não sei quando você vai voltar. Mas sei que vai demorar muito. E que talvez você não volte. Talvez para visitar, não ficar. Esse abraço não é o último. Te prometi que um dia vou te visitar. Sabe lá Deus quando. Mas eu vou tentar. Juro que vou. Um dia, quem sabe, eu não apareço de surpresa e você me mostra sua nova cidade?    Aperto esse abraço mais forte, como se pudesse te manter aqui. Talvez seja um pouco egoísta da minha parte. Na verdade, é sim. Sei que ir é o melhor para ti. Tem um mundo inteiro te esperando lá fora, tem tanta gente nova para conhecer, tem tantas oportunidades para aproveitar... Mas é que também tem tanta coisa aqui que parece não fazer sentido largar. E natais e anos novos são tão longe!    Quero dizer que vá, e vá logo, sem olhar para trás. Quero te segurar e botar juízo nessa sua cabeça oca, te empurrar até o estacionamento e voltar para casa, dizer que seu lugar é aqui, contente-se e seja feliz. Mas eu sei que não é. Seu lugar é o mundo todo. Su

Comigo a sua música pode ser diferente

   Eu sei que você já teve dezenas de relacionamentos. E de quase-relacionamentos. E de não-relacionamentos. E que terminou todos eles. Ou que eles foram terminados contra a sua vontade. E, principalmente, eu sei que você deixou de acreditar nas pessoas. Ou, no mínimo, deixou de acreditar que você daria certo envolvido com outras pessoas. Acredite, eu também já pensei tudo isso.    Eu sei que você já magoou Amélias, Anna Júlias, Carlas e Beatrizes. Que cantou suas músicas no ouvido de cada uma delas, e que realmente achava que sentia tudo que dizia. Sei que, para elas, cada nota final doeu mais do que o momento que você desafinou bem no refrão, mas que nenhuma delas esqueceu sua melodia. Elas sofreram, cantaram, choraram e, por fim, superaram. Mas, ainda hoje, quando ouvem Mário Lago, Los Hermanos, LS Jack ou Chico Buarque, não deixam de lembrar - seja com dor, amor ou rancor.    Eu sei que você já teve amores menos dignos de músicas. Soube que Fernandas, Gabrielas e Biancas n