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Mostrando postagens de 2020

Imortal

Me conta o motivo das suas olheiras Me mostra a foto que guarda na carteira Me indica seu livro de cabeceira Me revela a sua caixinha de lembranças Me conta dos calos das suas andanças Se abre sobre aquele trauma de infância Me pede sigilo Te ofereço segurança Todos os seus segredos Vão comigo pro túmulo Suas mágoas e rancores Seus casos e amores Tá tudo guardado Enterro a chave do cadeado Eu quero saber Pra entender você Eu quero entender Onde vou me meter Eu quero me assegurar De que também é seguro Andar com você Eu quero compreender Aprender detalhes sobre você Seu contexto Sua cultura Seus planos Metas futuras Me deixa observar Esses tantos sinais Que fazem das costas Constelação Me deixa admirar O degradê dos seus olhos Perfeição Me deixa imortalizar Cada pedacinho de história Cada cantinho de sensação Vou fazer uma colagem de memórias Guardar pra recordação Já sei que o amor não demora Me deixa eternizar a paixão

Torcicolo

O mar estava frio A areia misturada As ondas batiam forte Como quem diz "Não venha Não tente a sorte" Eu fui Como quem não ouve Os sinais Como quem não sente A pele arrepiar A vida avisar A onda bateu Eu virei Travei Há bens que vêm para o mal Meu pescoço não gira normal Dói para virar à direita Sou mesmo inclinada à esquerda Mas no momento evito Olhar para qualquer lado É pra frente que se anda E comparar não ajuda ninguém Também há males Que vêm para o bem

Maria dos olhos castanhos

Para essa outra Maria De olhos castanhos inesquecíveis Eu não sei sobre a sua vida Mas conheço suas mensagens não lidas Alguém por aí Parece sentir saudade Desse seu olhar Para encarar Algum desconhecido meu Amor perdido seu Parece quase implorar Pra ter de novo esse olhar Maria dos olhos castanhos Olha a falta sem tamanho Que esse alguém parece sentir Só porque não o olha mais assim Talvez você nem pense No que seus grandes olhos castanhos São capazes de fazer Mas acredite nesse poder Eu também já fui A Maria de olhos castanhos marcantes E também já ouvi Sobre olhares apaixonantes Mas a vida acontece, Maria Você deve saber bem De repente a gente não olha mais assim Para aquele certo alguém Mas a vida também surpreende E de repente, qualquer dia Seus olhos castanhos voltarão a brilhar Outra Maria

Impostora

Você Que trabalha com tanto vigor Vive tão atarefada E no fim do dia desaba cansada Você Que se empenha em cada detalhe Que faz cada etapa de coração E continua se cobrando perfeição Você Que dá conta do trabalho e dos estudos Da comida, da saúde e da família Mas se não fizer exercício se castiga Você Que quando ouve um elogio duvida Que tem sempre uma pulga atrás da orelha Pra questionar cada conquista Você Com tantos dons e qualidades Que nunca deveria se questionar Se é boa de verdade Se olhe no espelho E finalmente perceba A potência e a beleza Que fazem parte de ti Acredite Que você nasceu pra ser feliz Que seu talento é verdadeiro E que não precisa cuidar do mundo inteiro Tenha certeza De que a impostora não é você Mas esse sistema maldito  Que tenta te enlouquecer Você não precisa dar conta de tudo Pra conseguir reconhecer O brilho, a garra e a competência Que existem em você

Destino

 O destino um dia nos dirá Se ele existe Ou se sou louca de tentar Prever Assim nós vamos saber O que a vida quis da gente Coragem, tempo suor Há de haver mais pra quem sente Um dia talvez a gente entenda Esse vai e vem e a correria Talvez assim a gente aprenda A apreciar a maresia O destino há de se manifestar Por cada peça em seu lugar Clarear os passos E abrir os caminhos Mas enquanto ele não faz isso No meio dessa confusão Eu fecho os olhos e cruzo os dedos Peço que me guie o coração

Nós dois

 Nós dois Que já fomos tanto Que nos entendíamos só com o olhar Agora atravessamos a rua Por medo do que falar Nós dois Que éramos só sorrisos Agora sorrimos tão tímidos Apenas quando não há opção Nós dois Que fomos tão próximos Que quase nos misturamos Que nos mudamos Agora onde estamos? Cada um de nós (Existe nós dois?) Nesses nós desfeitos Nesse caminho refeito Cada ponta de um cordão Invisível Cada corda desse laço Sensível Nós dois Nessas linhas traçadas Nessas vidas entrelaçadas Nessas tramas infinitas Cada ponto bordado Uma história Cada cor escolhida Uma emoção Cada risco passado Uma intenção Nós dois Que já quisemos tanto Desses bastidores da vida Encontramos um canto Pra sarar as feridas Nós dois Um nó na ponta Para a linha não soltar A agulha se afasta e volta Antes de arrematar Nós dois E mais quantos nós surgirem Quantas linhas emendar Quantos acabamentos terminar Nós Três, quatro, infinitos Como um ponto cheio Ou um contorno indefinido Nós dois E dois nós Um na linha Outr

Salve-se quem puder

Se algo me sugere Que preciso te salvar Peço ao ímpeto que espere Preciso reavaliar Não fui eu quem te empurrou Eu nem te convenci Foi você quem se jogou Sem que eu pudesse impedir Você quis sair do conforto seguro E se jogar no mar Agora eu procuro no escuro Por alguém que não sabe nadar Você não grita por socorro Mas algo na nossa conexão Me diz que talvez precise Que eu te estenda a mão Como eu deveria saber O que você não quer falar? Como posso me perder Tentando te ajudar? Não vou entrar no mar gelado Sem nem ter ouvido um chamado Talvez você esteja bem Navegando em outro barco Nesse nosso mundo De salve-se quem puder Mantenho os pés firmes Respeito a maré Ela vai me levar Para onde precisar ir Não vou me afogar Tentando salvar a ti Deixo apenas uma boia Pendurada O destino que decida Se ela será encontrada

Novo "normal"

Será que algum dia Vai parecer que tudo voltou ao normal? Será que sair na rua Vai voltar a ser algo banal? Será que usar máscara Vai ser sinônimo de carnaval? Quando será que os sorrisos Vão poder aparecer? Quando será que os encontrinhos Vão poder acontecer? Quando será que uma festinha Não causará medo de morrer? Enquanto tudo isso não passa Sigo esperando Mato saudades com vídeo chamada Continuo me isolando E aguardo pelo dia Em que estaremos comemorando

Devoção

Me escreve um poema Me chama de pequena Conta uma novidade Diz que tá com saudade Me envia uma carta Escrita à mão Borrifa perfume Diz coisas do coração Compõe uma música Sobre o jeito de me olhar Me liga todas as noites Antes de se deitar Faz um gol bonito E aponta pra mim Fala pra todo mundo Que agora a vida é mais feliz Posta uma foto minha Com legenda apaixonada Fala que sem mim A vida era sem graça Ignora o meu ciúme Por cada coisa banal Finge que tá tudo bem Segue a vida normal Desculpa os meus gritos Consola o meu choro Compensa a minha dor Com exposição de amor a todos Esquece as nossas brigas Eu estava alterada Não duvide nunca Que sou a melhor namorada Para de falar com ela O seu presente está aqui Será que não vê Tudo que fiz por ti? Grita pro mundo ouvir O quanto você me quer Diz que sou sua parceira Pro que der e vier Grita bem alto Que me ama demais Que eu sou a sua musa Não precisa de ninguém mais Troca a foto de perfil Por uma de casal Segue com atenção Cada passo do me

Me liga

Quando você vai chamar de amor? Algo que se recusa a sentir (E mesmo assim sente) Quando vai parar de mentir? Quando você vai se render A esses olhos castanhos Que não são de novela Mas te fazem derreter? Quando você vai assumir Que aquela roupa antiga Não te cabe mais E que o passado não te satisfaz? Quando você vai perceber? Que o seu ex-amor Já se apaixonou E não foi por você? Quando você vai se tocar Que a vida precisa andar E que o nome que você escolher Não muda o que vai viver? Quando isso finalmente acontecer E você não tiver medo de dar um nome Me liga Você já tem meu telefone

Diálogos

O mundo foi duro com você A vida te endureceu E o destino não cumpriu Com as vitórias que prometeu Você tem histórias Que machucaram seu coração Você carrega memórias E não conhece o perdão Você engrossou a voz E gritou mais alto Bateu no peito e disse Que não tem medo de barraco Gritou pra todo mundo ouvir É você quem manda aqui É você quem sempre tem razão E não aceita outra opinião É engraçado Você fala também Mas nunca aprendeu a escutar A opinião de outro alguém Você diz que adora conversar Mas só se for o único a falar E eu continuar balançando a cabeça Para concordar Você mantém a sua postura pacífica Enquanto não expresso opinião Mas assim que percebe a diferença Você grita com paixão Como poderia estar errado? Você, tão informado Sempre o dono da razão Não pode ser contrariado O seu passado triste te ensinou A confundir amor com dor Mas não sou eu a culpada E não aceito ser desrespeitada Guarde os seus rancores Para quem te fez mal

Enterrados

Você procura uma cura Para saudade de um tempo bom E ignora que entre tantos esquecidos Boa memória é um dom Você insiste tanto Que quer se libertar Por que será que não vê Que é a única a se aprisionar? Lembranças e sentimentos Não podem ser enterrados Se tentar esconder Seu coração continuará atormentado Talvez a sua cura Seja mesmo sentir Viver o luto Para depois se permitir

Memória

- Se você pudesse salvar uma coisa do seu passado, o que seria? - Como assim? - Se a sua vida estivesse caindo aos pedaços. Se tudo estivesse desmoronando diante de si. O que você salvaria? - Minha memória. - E para onde você iria? - Não importaria. - Como assim? - Eu já não teria para onde ir. - E o que você sentiria? - ... - Angústia? Medo? Solidão? - Tudo isso. E ao mesmo tempo tão mais. E tão menos. - Como assim? - A liberdade de poder ir para qualquer lugar. A benção de pelo menos ainda lembrar. E a maldição de ter a memória como prisão.

Sinais

Quando a nossa música tocar E eu não dançar nem cantar Foque nos meus dedos Se estão a tamborilar Quando nos esbarrarmos na rua Se eu sorrir aberto Como se nada tivesse acontecido Não desconfie do seu instinto esperto Talvez não esteja tudo bem comigo Quando as cartas chegarem E os correios finalmente entregarem Centenas de palavras de paixão Não devolva o embrulho amassado Está atrasado Mas era de coração Quando você não puder mais Perguntar o que estou pensando E quando não tiver que responder Porque eu não vou perguntar a você Esteja atento aos sinais Eu nunca tentei esconder E você sempre foi perspicaz

Princesa

Sorria com calma Acene como uma princesa Sente com classe Não ponha o cotovelo na mesa Estude um pouco Mas não fale demais Se você souber ler Calada já satisfaz Passe maquiagem Mas não exagere Disfarce suas expressões Cuidando da pele Dê boas festas Mas não chame atenção Seu papel é servir bem Não dar opinião Vista-se de forma adequada Saia no comprimento perfeito Nem curta Nem antiquada Não experimente nada Antes do casamento Depois milagrosamente saiba Sem nenhum ensinamento Tenha como meta Agarrar um bom partido Depois esqueça de si mesma Para cuidar do marido Todo mundo te disse Para ser esse tipo de princesa Mas você não é tão indefesa E deve salvar a si mesma

Batizada

“Muito obrigada pela presença Espero que todos possam aproveitar Essa linda festa Vamos celebrar!” A banda nem tinha começado Quando minha vista escureceu Em um momento eu esperava No outro era tudo breu Passou-se uma grande confusão Algumas vozes ao longe Um banco de cordas Braços e mãos Alguém me carregava Para fora dali Num carro consegui perguntar “Eu caí?” Estava pasma Completamente suada No posto de saúde Não podiam fazer nada Alguma coisa me perguntava O que aconteceu? Será que tinha alguma coisa No drink que você bebeu? Minha cabeça não se acalmava Eu só queria uma explicação Como alguém está bem E logo está no chão? “Eu quase consegui te segurar Mas foi tão de repente Nem posso imaginar Como você se sente” Incrédula e confusa Continuei a perguntar E alguns flashes de memória Começaram a voltar “Você caiu do nada E não conseguiu andar Precisei de ajuda Para te carregar” Vagamente Lembro daquela sensação As pernas sem força Ne

Beleza

Você está sempre Nesse puxa-estica Alisa cabelo Cola unha postiça Você pinta a raiz Para não mostrar a idade Se entope de pó Para tirar a oleosidade Você arranca cada pelo Com uma dor infernal E troca o café da manhã Por um shake matinal Você sofre o dia todo Se equilibrando num salto E se cobra perfeição Como se a vida fosse palco Por que você aceita Se machucar tanto? Acha mesmo que essa indústria Vai ouvir seus prantos?

Inspirações

Você não tem medo de escrever? Não pensa sobre o que As pessoas vão achar de você? Não. Às vezes me falta ar E escrever é como respirar Eu não tenho opção Mas e as pessoas que aparecem? Não se importa que elas saibam Que você não esquece? Mas é claro que não Desde quando é pecado Ter boa memória e atenção? E as histórias ruins? Não acha que elas se importam De serem expostas assim? Eu não cito nomes E se não se importaram ao me magoar Por que deveriam ao me ouvir falar? Talvez porque seja uma surpresa Inusitada Que ninguém queira Eu aviso antes pra já saber Se me machucar Eu vou escrever E as suas histórias atuais? Não teme o que podem pensar Dos passados que costuma contar? Minha história é uma só E se alguém não a aceita inteira Talvez deva procurar outra melhor

Infância

Eu não lembro qual foi A última vez que pulei amarelinha Ou a última vez Que passei o dia brincando com a vizinha Eu não lembro qual foi A última vez que vesti minha Barbie Também não lembro quando foi Que brinquei de chá da tarde Eu não sei em que momento A minha infância se perdeu Não consigo precisar Quando deixei a antiga eu Será que isso vai se repetir? Será que da próxima vez vou sentir? Será que a gente é capaz de saber Quando é a hora de crescer? Quando novamente for uma última vez Espero aproveitar Sem ver o tempo passar Como aquela mesma menina fez

Pequenas escolhas

E se eu te disser Pra seguir sua intuição? E contar que as melhores coisas Fiz cheia de apreensão? Que tal se você Não pensar muito hoje? Se só por uma noite Deixar a vida acontecer? Imagina quantas possibilidades Se você simplesmente Olhar para o lado E sorrir com vontade? Se numa madrugada qualquer Fugirmos para a praia Deixe os medos irem com a maré Respire e descontraia Que tal se você Enviar essa mensagem Sem refletir mil vezes Sobre como fica sua imagem? E se eu te disser Que a minha vida mudou Quando disse um tímido "sim" À oportunidade que se revelou? E se você pudesse saber Que aquele convite despretensioso Acabaria com todo esse nervoso Você arriscaria? Será mesmo Que você aceitaria Mudar a sua vida Com um encontro na cafeteria? Ou será que o seu "não" Te colocaria em um avião Rumo ao tão temido Futuro desconhecido? Será que você se mudaria Para uma cidadezinha Tão pequenininha Que a vida melhoraria? Será q

Chernoboy

Quem foi que disse Que você faz bem Se além de você Não liga para ninguém? O que te faz crer Que esse ritmo desanimado Me faria escolher Entre tantos, você? Você realmente acredita Que com esses beijos babados E esses movimentos ensaiados Estaria bem na fita? O que será que você pensa Quando encosta em mim? Será que realmente lembra Que devia estar de fato aqui? O que será que você sente Quando seus olhos encontram os meus? Será mesmo que não mente Sobre o sentimento que perdeu? Você se acha tão bom Que nem tenta melhorar Isso, querido, não é questão de dom É preciso se esforçar Espero que um dia você aprenda O que é conexão Que consiga animar Alguém além da sua mão Espero que com a próxima Tenha mais malemolência Porque eu, querido Já não tenho paciência

Pontapé

Talvez Isso seja um pontapé Para que você Finalmente Siga em frente Eu olho de novo Sem acreditar Depois de tanto tempo Você acha mesmo Que fiquei sem andar? Não é bem assim Não foi isso que quis dizer Mas por que será Que você insiste tanto Em se prender? Eu não estou Me prendendo Eu não estou Me privando Só estou vivendo Mas por que você Freia antes de acelerar? Por que você Corta as oportunidades Antes de tentar? Porque eu tenho Outros objetivos Outros planos E porque quero mais Dos meus vinte e poucos anos Eu ainda acho Que você não superou E que talvez Também precise Embarcar num novo amor O que eu preciso fazer Para você ver que estou bem? E que o meu sorriso Não depende De ser a namorada de alguém?

Um dia

Um dia Você vai olhar pra trás E vai se orgulhar Dos caminhos que essa menina insegura Decidiu trilhar Um dia Você vai entender Que cada tropeço Cada queda Foi importante para você Um dia Tudo isso fará sentido Todas essas lágrimas Todo esse esforço Ao longo do caminho percorrido Um dia Você terá orgulho das escolhas Que nem queria fazer E entenderá que decisões duras Obrigam a crescer Um dia Você agradecerá à menina corajosa Que mesmo com medo de tudo Mesmo com tantas incertezas Te deixará tão orgulhosa Um dia Você saberá que tudo valeu Que aquela menina cresceu E que o mundo finalmente percebeu Seu brilho arrebatador Mas imagina Que bonito seria Se esse dia Fosse hoje?

Partida

Quando você partiu Eu me despedacei Quebrei em tantos pedacinhos Que achava que nunca Conseguiria colar os caquinhos Muitos desses cacos Caíram em você Espetados no meio do coração Espirrando sangue Deixando um rastro de destruição E eu, que nunca te quis mal Me vi berrando aos quatro ventos Que você não passava de um romance banal Me vi desonrando a nossa história Tirando do amor toda a glória Quando você partiu Algo em mim queimou Uma chama de abandono e ódio E eu só queria que você Sofresse de tanto remorso Quando você partiu Eu me senti tão vazia Faltava sua alma na minha Faltava o barulho da sua respiração Faltava a ternura da sua mão Faltava a mim mesma E eu demorei tanto Para perceber que era de mim que sentia falta Que alimentei por você Essa louca (e desnecessária) raiva Não foi você que me tomou Nem foi você quem me abandonou Fui eu mesma Sem perceber Que dei pedaços de mim a você E quando você partiu E os meus pedaços te seguiram C

Pandemia

Tudo que eu queria Um dia de sol Do lado de fora Da casa, da janela, da alma Um dia de praia Nos braços da Rainha do Mar Tudo que eu queria Um abraço Daqueles bem apertados Das pessoas queridas Da avó Das amigas Tudo que eu queria Uma saída Vinte pessoas gritando Sentadas num barzinho Ou uma pessoa num lugar fofo Risoto e vinho Tudo que eu queria Abrir o catálogo do cinema Assistir a um filme no fim da tarde Sair e comer tanto até não saber Se me alimentei de comida ou arte Tudo que eu queria Minha vida normal Minha felicidade banal Minha rotina de todo dia Imprevistos previsíveis E a volta da simples alegria

Meu livro

Há cinco anos, publiquei meu primeiro livro - por enquanto, o único -, um romance sobrenatural, e foi um dos dias mais felizes da minha vida! Queria dividir essa felicidade com vocês. Naquela época, eu tinha dezessete anos. Não tinha nem entrado na faculdade, não tinha me apaixonado, não tinha refletido sobre várias coisas que só o tempo nos faz pensar. Muitas coisas mudaram desde então, principalmente, muitas das minhas opiniões.  Hoje, eu escrevo sobre outros temas, de outras formas, a partir de outras perspectivas. Mesmo assim, sempre terei um carinho enorme por esse projeto - mais que isso, um sonho - que significou tanto para mim.  Espero que gostem. Espero que as minhas fantasias adolescentes despertem um ar sonhador, um pouco de alegria, um pouco de aventura. Que a leitura promova bons momentos! Se quiser fazer o download gratuito do meu livro, Cetarius: o segredo de Cath Stanley , clique aqui . Com carinho, Maria Cardoso

Responsabilidade emocional

Um dia você me falou Sobre responsabilidade emocional E eu quase não acreditei Que ouvisse aquilo de um cara normal A gente quase não se conhecia E você já se mostrava Diferente de tudo que eu via E ouvia Por aí Eu costumava me perder Nos seus olhos multicoloridos E reclamava que nenhuma foto Capturava todos os tons De amor Um dia eu te perguntei Se você não ia sumir E você disse que não Que eu podia confiar E eu confiei E me entreguei Eu me sentia tão segura Com você e por você Mesmo quando meus pés congelavam Mesmo quando estava cansadinha Mesmo quando a gente se perdia Por aí Mas o tempo passou O mundo girou E numa dessas voltas Que a vida dá Sempre dá A gente se desencontrou Eu ainda confiava em você Eu ainda te amava Mais do que conseguia dizer Mas eu nunca mais tinha falado Das cores incríveis dos seus olhos E quando você andava rápido E eu não conseguia acompanhar Seu passo apressado

Por mim

Um dia você me disse Que me amava mais que tudo Que eu era a melhor coisa da sua vida Mas que eu não era A sua prioridade Aquilo doeu Nossa! Como doeu Logo eu Que atravessei o mundo Só pra te ver Logo eu Que tanto trabalhei Pra estar com você Você me disse Que por mais que quisesse Ficar comigo Para o resto da vida Você não abriria mão Da sua vida Para caber na minha Eu sofri E chorei E relutei E enfim Entendi Você estava certo Sobre tudo isso Sobre nós Sobre você Porque o ser amado Nunca pode ser A sua maior prioridade Ele precisa Vir depois de você Porque a minha vida Não podia se adequar Aos seus sonhos Às suas expectativas Às suas narrativas Eu não podia Colocar na sua vida O peso pela minha Não podia Nem devia Guiar os meus passos Pelos seus traços Eu não queria depender De ninguém Nem mesmo de você Mas sem saber Quase fazia assim Para evitar o fim

Toda mulher é uma fênix

Toda mulher forte já chorou No colo de uma mãe forte No ombro de uma amiga forte No escuro de uma cama protegida Em algum lugar escondido Ou no meio de uma multidão Toda mulher forte já chorou Por um coração partido Por um amigo perdido Por um sonho despedaçado Por um dia corrido Por um futuro não conhecido Toda mulher forte já chorou Pela solidão Pela incompreensão Pela pressão Pela indecisão E também pelo medo Toda mulher forte já chorou E já ouviu que deveria Engolir o choro Que não poderia Demonstrar fraqueza Que não devia Agir como mulherzinha E outras tantas coisas mais Mas nenhuma dessas pessoas percebeu Ou quis reconhecer Que chorar não faz Nenhuma mulher menos forte Que se emocionar não é Desistir Que até as fortalezas Desabam E que o mais importante é Ressurgir Toda mulher forte já chorou Levantou Enxugou as lágrimas Limpou o rímel borrado E saiu Para enfrentar Esse mundo complicado

Meninas de seis anos não deviam conhecer o amor

Quando eu era pequena as pessoas costumavam dizer que se um menino te pirraçava ele gostava de você E não importava muito Se ele te beliscava Se ele puxava suas marias-chiquinhas Se desmontava suas construções de lego Ou se te perturbava Tanto Tanto Até você chorar Ele gostava de você Era isso que costumavam dizer Para meninas de cinco anos Que ainda nem deveriam Sonhar com esse tipo de amor Meninas de seis anos Não deveriam conhecer Paixões avassaladoras Relacionamentos abusivos Chantagens emocionais Brigas de casais Violência Nenhuma mulher devia Mas meninas tão novinhas Não podiam passar por isso Meninas de seis anos Não deviam usar sutiã Não precisam (E alguma de nós precisa?) Não têm porquê E mesmo assim Por que compramos? E aquela menina de seis anos Se achando tão adulta Com seu sutiã combinando Uma peça de algodão Tão bonitinha e desnecessária Como tantos produtos que usamos Aquilo estav

Não se apaixone por mim

Era alguma noite quente de verão. Talvez quente e chuvosa. Eu não sabia direito o que acontecia da janela para fora. Estava suada e envergonhada. Enfiei minha cabeça no travesseiro e falei essas palavras como quem tem medo da própria fala. “Não se apaixone por mim”. Inconsequente. Apressada. Intempestiva. Tempestade. Verborrágica. “Você também não”. Ele riu. Eu ri também, ainda com a cabeça enfiada no travesseiro. O tipo de conversa que só se tem em um momento muito à vontade. O tipo de pessoa que fica à vontade quando não deveria e que morre de vergonha logo em seguida. Euzinha. Não conseguia encarar mais nada que não fosse o escuro do meu rosto encostado na fronha. “Estou falando sério”. Eu murmurei, como quem não tem coragem de falar o que já está saindo pela sua boca. Como quem sabe que vai se arrepender depois. Por que tão pensativa em quase tudo na vida, e do nada, às vezes, tão impulsiva? Não se apaixone por mim. Não é a melhor frase para um terceiro encontro. Talvez não s

Eu preciso voltar a escrever.

Eu preciso voltar a escrever. É isso que sei. Não sei sobre o que ou sobre quem. Talvez mais um sobre mim mesma. Talvez sobre uma eu que não conheço. Ou que nunca quis conhecer. Eu só PRECISO voltar a escrever. E tudo me diz que é isso. Preciso reencontrar a mim. No meio de tanto caos. No meio de tanto mal. No meio de tantos caminhos. Depois de tantos passos e redemoinhos. Tudo parece insistir. Volte a sorrir. Se deixe chorar. Não pretenda encantar. Mas encante. Sem nem perceber. Volte a escrever.