Oi, Fred! Você pediu um breve resumo e, apesar de me considerar péssima em coisas breves e resumidas, provavelmente algo do gênero diria que meu nome é Maria, que tenho dezessete anos e uma lista ridícula de tão pequena quando se trata de amores vividos. O mais importante, na verdade, é que esse espaço é muito bem preenchido com livros, contos e crônicas que, por serem tantos, já se confundem comigo mesma.
E nessa arte de escrever, ler e imaginar, me pergunto quem sou? Saio aparatando por aí, pousando em personalidades que não tenho, amores que não vivi e histórias que nunca imaginei. Empresto-me aos nomes e características, pego hábitos que nunca foram meus. Nesse ínterim de ser sua, as páginas abertas como feridas expostas, fui as namoradas que você amou, as mágoas que você superou, as noites que você esqueceu.
Tive cabelos longos e curtos, loiros e morenos, lisos e cacheados, alguns puxados, outros acariciados. Ouvi frases bonitas, me iludi com amores não mais que passageiros, chorei lágrimas de sangue e bebi muito chocolate quente enquanto observava a chuva cair. Você me deu apelidos carinhosos e me fez homenagens, mas também tive que ouvir que foi bom - ou nem tanto assim - enquanto durou, mas acabou. E você seguiu em frente, me esqueceu e me conheceu em outros lugares, com outras maneiras e trejeitos.
Como se não fosse pouco, me escreveu mais textos, me descreveu de forma surpreendente, me despiu em alma com as suas palavras - teoricamente simples - e me fez me emocionar e repensar. E eu, boba, inocente, inexperiente e sonhadora que não consigo deixar de ser, me apaixonei novamente. Senti todas aquelas borboletas no estômago pela zilionésima vez, escrevi mais trocentos textos melosos, saudosos, apaixonados ou esperançosos. Usei você para me inspirar; você me usou apenas como cliques para suas estatísticas. Fui apenas mais um número na sua lista infinita e, na real, nem tenho o direito de me magoar.
Fui eu que escolhi me jogar de cabeça nessa história louca de ler, escrever e, quem sabe, querer viver disso? Fui eu que escolhi amar esse mundo de apaixonados, mesmo sabendo que o amor era um risco. Fui eu que me projetei nas suas personagens - e nas de tantos outros - só para sentir uma prévia das emoções que espero que o futuro me reserve. Fui eu que acabei de escrever quase que uma declaração de amor melodramática a um escritor - não ao homem, mas ao gênio sentimental das palavras que brincam comigo madrugadas adentro - que nunca conheci, pelo simples fato de essas palavras me fazerem sentir mais do que do que os poucos carinhas que realmente conheci.
É tudo brincadeira, é tudo fingimento, porque me reconheço como escritora (mesmo com pouca idade) e, portanto, um tanto quanto mentirosa. Mas gosto de palavras, de mentiras e de sentimentos. Eu, na verdade, nunca cheguei a tomar chocolate quente olhando a chuva cair, mas não vou negar que às vezes me pego imaginando se também não sou aquela garota especial - por motivos cotidianos - que você descreve.
E a nossa relação vai indo assim, com mais contos e crônicas, mais personagens e histórias, mais inspiração e admiração. Com você sem ter a mínima ideia de quem eu sou, e eu lendo seus textos à procura do verdadeiro amor,
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