Era uma festa grande. Muito grande. A maior do planeta. E ela estava linda. Encantadora. E ela sabia disso. E também, mesmo que não soubesse, naquele dia todo mundo comentou. Ela estava, como gostaria de dizer, "bombando". Era só sorrisos, os olhos brilhando mais do que a própria fantasia.
Ela estava bem: as coisas da vida corriam certo, a família com saúde, sem tantas emoções. Aí apareceu um carinha. Sabe como é, coisa de carnaval: bonito, parecia legal, a voz sensacional. Ela diria que foi bem legal. E continuou seu carnaval. Qual não seria sua surpresa ao ver que, depois, ele estava falando com ela? Era coisa de carnaval, ela repetia. Engraçado, ela sempre respondia.
Eles começaram a conversar mais. E ele era fofo, ela até estranhou. A amiga avisou: cuidado para não se apegar. Mas não, ela nem precisava ter cuidado. Estava numa época tão boa e tranquila, tão leve, tão bem consigo... Ela estava se divertindo, só isso. Era uma coisa de carnaval, mesmo depois do carnaval. Ele foi mais fofo, foi atencioso. Ela se surpreendia positivamente, mas não tinha muito o que esperar. É que ela tinha aprendido a não se decepcionar.
Um dia, ele simplesmente não falou. E aquela menina cheia de atitude, que um dia existiu nela, mas decidiu se esconder, resolveu aparecer. Ela puxou assunto, mas ele estava ocupado. Não parecia bom presságio. Depois, mais uma vez, ela ficou muito surpresa: não bastaria dizer que fofura era pouco, e que ela não saberia responder.
E, considerando que ela tinha adotado um estilo de "não vou me importar", a resposta, realmente, era bem fria e insuficiente. Não era a intenção, e ela nem perceberia, se não fosse o fato de, dessa vez, não ser respondida. Ela encarou como desinteresse, e era a vida que seguia normalmente, bem leve e despreocupada. Aí disseram que ela tinha dado uma cortada. Ela ficou meio confusa e culpada: tinha trauma de cortar pessoas que não mereciam.
Ela tinha que se redimir, e decidiu agir. Foi lá mais uma vez, falou. A resposta foi boa, rendeu mais conversa, até que, novamente, ela foi ignorada. E então ela não tinha mais dúvida, nem se sentia culpada. Podia não fazer sentido alguém que parecia tão interessado simplesmente não mais responder. Realmente não fazia. Mas ele era incógnita. E ela não estava disposta a tentar decifrar.
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