Era a sensação de falta de pertencimento. Aquela sim, latente, incomodava sempre, escondida no fundo do coração. Ela não era tudo aquilo que diziam ou pensavam, nem era apenas aquilo que diziam ou pensavam. Era filha, amiga, irmã, aluna, colega, futura alguma coisa, qualquer coisa de sucesso. Mas era complicado. Ela era a falta, a inconstância, a não plenitude nem contentamento. Era a busca por algo indizível, incompreensível, inexplicável, ininteligível.
Ela não sabia bem o que queria, e andava por aí - aqui, acolá, onde quer que sua mente estivesse ou suas pernas a levassem - meio perdida, em busca do seu "algo" ainda não encontrado. Viajava serenamente em seus próprios devaneios, à procura, em seu inconsciente, daquilo que a completaria. Daquilo que ela criaria energias e correria atrás. Só queria algo a que se doar, completa e impensadamente, sem medo de arrependimentos.
Não achou, tão cedo, aquilo de que tanto precisava. Talvez num outro plano, outro lugar, outro tempo. Mas descobriu, teoricamente, a resposta para seus dilemas profundos: queria, verdadeiramente, se apaixonar. Pertencer não por posse, mas pela pura vontade - necessidade - de se entregar a algo de cabeça e coração. E, num mundo tão mágico quanto o que ela sonhava em viver, esse algo só podia ser um alguém. Pena que a teoria não fosse algo concreto ou, para ela, imediatamente concretizável.
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