Ela volta quando o trabalho acabar. Isso, quando o chefe liberar, quando a demanda diminuir, quando o cliente sair, quando a empresa fechar. Talvez ela demore um pouco mais. Ela volta quando o metrô chegar, quando o ônibus passar, quando o táxi parar, quando o engarrafamento andar. Talvez demore ainda mais. Ela volta quando o happy hour acabar, quando a amiga cansar, quando o filme terminar, quando a festa parar. Ela volta quando o dia amanhecer.
Talvez ela volte mais cedo. Se a consulta não demorar, se a criança ligar, se tiver que fazer o jantar. Talvez ela volte ainda mais cedo, se a mãe piorar, se o filho se acidentar, se a casa cair, se a empresa falir. Talvez ela fique em casa. Se a filha gripar, se ela cair de cama, se o médico mandar. Talvez ela até precise relaxar, mas parada? Ah, ela não fica, não.
Mas quando mesmo ela volta? Quando o dólar aumentar, quando não conseguir se sustentar, quando for impossível continuar a viajar. Ela volta quando a comida da rua cansar, quando a estrada entediar, quando o carro quebrar. Ela volta quando a saudade apertar, quando a curiosidade abaixar, quando o medo aumentar. Mas, enfim, quando ela volta mesmo? Ela só volta quando a sede de liberdade não bastar, quando ela tiver vontade de ficar, quando tiver algo para amar.
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