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Esquece


   Me fingi de morta para tentar te esquecer. Me fiz de desmemoriada, de retardada, só não de suicida. Me fiz de forte, madura, resolvida. Aí me vi sonhando com você. Droga, cadê o controle do inconsciente? Saí mais, escrevi mais, me maquiei mais. Sorri menos. Não curti sua foto, curti minha vida, não compartilhei minha felicidade com você. Entenda, não foi falta de vontade. Foi racionalidade, foi amor próprio, foi não querer incomodar. E aí me acostumei, me acomodei. Dizem que se acomodar é ruim, mas nesse caso, discordo. Passei a me maquiar menos, e deixei que todos vissem a realidade sob minha face. Voltei a sair menos, e as minhas noites em casa também se tornaram não apenas toleráveis, mas agradáveis. Perdi um pouco do assunto da escrita, mas os textos ainda estão lá. E o sorriso? Esse anda normal, vagando por aí, sem esperar. Às vezes aparece, dá gargalhadas até doer, às vezes me olha de longe. Ele só não me deixa, nunca, sofrer por você.

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Toda noite de insônia eu penso em te escrever

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