A possibilidade de nossa história impossível me instiga. Sempre fui de sonhar alto, de não me prender ao chão, de andar na contra-mão. Dificuldade se chama inspiração. Vou criar asas, gritar com vontade, e minha voz vai chegar aí, você vai ver. Está pensando nela agora, eu sei. Essa minha voz fanha e irritante, que conta histórias longas e se perde no meio do caminho. Essa voz que perde sua força quando te vê chegar, e que ri sem ter vergonha quando está perto de você. Por quanto tempo ainda pensará?
As interrogações da nossa não-história teimam em virar ponto final, e eu ainda torço por reticências. Digito espaço, penso em dúvida, olho para o horizonte e enxergo o infinito. É isso aí. Tudo tão vago, tudo tão inacabado, tudo tão cheio de referências e ao mesmo tempo tão vazio. É uma tremenda ilusão da nossa parte pensar que podemos ser inesquecíveis, que somos memoráveis, que somos especiais. É uma ilusão maior acreditar que pessoas são substituíveis, que histórias acabam, que o que não está mais ali simplesmente não existe mais. É um devaneio e tanto pensar em tudo isso, porque não muda nada por fora, tenta mudar tudo por dentro, e a confusão interna é tanta que nem há referencial para se saber se houve mudança ou não.
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