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Mostrando postagens de setembro, 2015

Nada sério

   Eu te conheço há tão pouco tempo. E, cá pra nós, nesse pouco tempo parece que já te conheço tanto. Eu acho que te conheço a ponto de achar que está chegando a hora de te desconhecer. É, querido, já passei por isso antes. Já conheço a história do "não quero nada sério", mas olha bem para mim. Eu estou sorrindo, percebe? Eu estou te estendendo a mão para vir sorrir junto comigo. Também não quero nada sério, não. A vida já é séria demais para a gente sair cobrando seriedade das coisas que se propõem a serem só alegria.    Antes que diga isso, e que diga que devemos ser só amigos - para sumir e ser apenas mais um amigo do Facebook -, vou te apresentar uns amigos meus. Nada sério, não se preocupe. Só vou te apresentar gente que entende como a gente é. Gente que vai te contar piadas e chamar para umas festas legais.     Antes que diga que é melhor cada um seguir seu caminho, vamos pegar o caminho daquela trilha, conhecer a cachoeira e tirar umas fotos legais. Nada sério,

Vem mergulhar?

   Gosto da metáfora, do ato, do fato, da sensação. Tem umas praias lindas, tem peixinhos nadando, tem um calor de matar, tem esse sol maravilhoso, tem o meu mar. Eu vou andando devagar, controlando o frio dessa água pela manhã, espero você se jogar. Não demora, não. Vem mergulhar?     Vem descobrir as belezas das profundezas, deixa os problemas na superfície. Prende a respiração, depois observa como as bolhas procuram o ar. Tá frio, eu sei. Mas isso acostuma. Tá lindo, eu sei. Fica mais bonito quando você não está sozinho, não é? Eu nado um pouco, se movimentar ajuda a aquecer. Você chega mais perto, eu sorrio. Vamos nadar para lá, tem coisas que quero te mostrar.    Vem mergulhar no meu mundo, e primeiro descobre as sutilezas que evaporam do meu sorriso todos os dias. Como gosto de ver o céu todo azul, mas como também amo um dia de chuva com um pijama bem macio. Como gosto de livros bobos e leves, como me emociono com textos marcantes e pesados. Como amo comer, e se puder, pr

Devaneios de tempo e espaço

   A possibilidade de nossa história impossível me instiga. Sempre fui de sonhar alto, de não me prender ao chão, de andar na contra-mão. Dificuldade se chama inspiração. Vou criar asas, gritar com vontade, e minha voz vai chegar aí, você vai ver. Está pensando nela agora, eu sei. Essa minha voz fanha e irritante, que conta histórias longas e se perde no meio do caminho. Essa voz que perde sua força quando te vê chegar, e que ri sem ter vergonha quando está perto de você. Por quanto tempo ainda pensará?     As interrogações da nossa não-história teimam em virar ponto final, e eu ainda torço por reticências. Digito espaço, penso em dúvida, olho para o horizonte e enxergo o infinito. É isso aí. Tudo tão vago, tudo tão inacabado, tudo tão cheio de referências e ao mesmo tempo tão vazio. É uma tremenda ilusão da nossa parte pensar que podemos ser inesquecíveis, que somos memoráveis, que somos especiais. É uma ilusão maior acreditar que pessoas são substituíveis, que histórias acabam, qu

Se

   Se tem frio, cobertor. Se tem calor, mar. Se tem sonho, persistência. Se tem cansaço, sofá. Se tem fome, comida. Se tem sono, cama. Se tem angústia, pergunta. Se tem culpa, verdade. Se tem solidão, televisão. Se tem saudade, telefone. Se tem distância, avião. Se tem dança, me dê a mão. Se tem atraso, pressa. Se tem tempo, calma. Se tem desejo, peça. Se tem loucura, ouse. Se tem memória, guarde. Se tem medo, superação. Se tem carinho, cuidado. Se tem amor, ame. Se der errado, não é falta de oportunidade, mas de vontade.

Quando o coração apertar

   Você teve um dia difícil, não foi? Eu entendo. Pode ser que tenha engolido sapo no estágio, brigado com o pai, sentido saudade do avô, ido parar no hospital, tirado uma nota baixa, lembrado dela. Eu entendo, já disse uma vez. Foi um dia cansativo, dolorido. Mas sabe de uma coisa? Quando o coração apertar, respire fundo. Tente lembrar das tantas vezes que você até esqueceu de respirar, ou não tinha ar, e tudo isso porque estava extremamente feliz.    Quando o coração apertar, delicie-se com um maravilhoso chocolate, ou doce de leite, você escolhe. Lembre da delícia que é a vida quando você não precisa se preocupar, quando sorri sem precisar ter um porquê. Quando o coração apertar, entre na chuva. Mas, por favor, não vá com capa e guarda-chuva. Entre disposto a se molhar. Deixe que as gotas escorram, que lavem o rosto, a roupa e a alma.    Eu sei que o dia foi difícil, que talvez você esteja com dor de cabeça, febre, frio ou bolhas nos pés. Também sei que nenhuma dessas coisa

Quando ela volta?

   Ela volta quando o trabalho acabar. Isso, quando o chefe liberar, quando a demanda diminuir, quando o cliente sair, quando a empresa fechar. Talvez ela demore um pouco mais. Ela volta quando o metrô chegar, quando o ônibus passar, quando o táxi parar, quando o engarrafamento andar. Talvez demore ainda mais. Ela volta quando o happy hour acabar, quando a amiga cansar, quando o filme terminar, quando a festa parar. Ela volta quando o dia amanhecer.     Talvez ela volte mais cedo. Se a consulta não demorar, se a criança ligar, se tiver que fazer o jantar. Talvez ela volte ainda mais cedo, se a mãe piorar, se o filho se acidentar, se a casa cair, se a empresa falir. Talvez ela fique em casa. Se a filha gripar, se ela cair de cama, se o médico mandar. Talvez ela até precise relaxar, mas parada? Ah, ela não fica, não.    Mas quando mesmo ela volta? Quando o dólar aumentar, quando não conseguir se sustentar, quando for impossível continuar a viajar. Ela volta quando a comida da ru

Encontrei vocês

   Estava passeando pela minha cabeça e encontrei você. Nossa, quanto tempo! Eu sorrio. Faz o quê? Uns três anos? Quatro, talvez? Não, acho que seis. Meu Deus, passou tão rápido! Você está diferente, hein? Aham, cortei o cabelo, clareei no sol, perdi peso, tirei o aparelho, fiz as sobrancelhas e aprendi a me maquiar. E você? Nossa, nem me conta! Perdeu de ano, largou o colégio para jogar futebol, passou na melhor faculdade, viajou, raspou a cabeça, malhou, parou de malhar, começou a namorar, tá saindo com aquela menina que era a maior patricinha, me dá seu celular? Não, não, melhor não. Vamos só tirar uma foto para lembrar esse momento inédito. Isso, enquadrou todo mundo? Aê, digam xis! Nossa, ficou ótima! Acho melhor eu ir, tô meio atrasada, um dia a gente se encontra por aí. Você eu vejo toda hora, você é mais difícil, com você vai ser quase impossível eu me bater. Mas quem sabe, né? Essas loucuras que o destino costuma promover...

Sobre finais infelizes

   Finais não são felizes. A gente não está num conto de fadas ou numa novela, em que o simples fato de chegar o final faz com que os vilões morram/sejam presos/desapareçam, as mocinhas casem e engravidem, e os figurantes simplesmente sorriam. Não. Aqui, os finais sempre carregam uma tristeza, uma saudade antecipada, uma vontade de voltar atrás, um quê de culpa, um pedido de desculpa. Finais podem até ser leves, mas sempre haverá um lado da balança para quem pesará mais. As lágrimas, as mágoas, as expectativas frustradas. Finais são duros, difíceis de serem engolidos, amargos. Finais machucam, mas finais libertam.    Finais substituem a angústia da incerteza sobre o que está acontecendo - ou o que já não está acontecendo mais - pela certeza da tristeza de que acabou. E, depois que essa tristeza deixar as lágrimas caírem, o coração acalmar, a saudade toma o seu lugar. Porque os finais vão embora e mesmo assim deixam tanto de si, que é difícil não lembrar. Mas até a saudade, uma da

Quem tem medo é você

Quando literatura e música se juntam, a gente adapta a realidade para ter uma boa história: Aquela menina te ensinou - não quase tudo, mas algo interessante ou importante -, eu sei. Talvez fosse uma paixão, já pensou que ela te tratava como um rei? Ela fazia milhões de planos, enquanto você só queria estar ali. Queria mesmo? Talvez você tivesse outro lugar para ir. Mas egoísta que você é, esqueceu de avisar, o que ela perguntou, era hora de acabar? Ela estava completamente perdida, e por isso se agarrava a você também. Você não se agarrava a ela, dizia que não queria ninguém. E diziam "ainda é cedo, cedo, cedo". Cedo? Ela decidiu terminar o que você até evitava começar. E o que ela descobriu, espero que você tenha aprendido. Ela ouviu que você tinha medo, e perguntou "medo de quê?". Falaram mais do que deviam, foram muito mais além. Ela te disse "eu entendi, vou sumir para você; juro que não falo mais, um dia a gente se vê". E os dois pensavam "a

Eu escrevo sobre sentimentos

   Relacionamentos? Não exatamente. Pessoas? Também. Eu escrevo é sobre sentimentos. Mais do que pessoas e seus relacionamentos, mas a expressão da alma dessas pessoas.     Eu escrevo sobre gostar, e gosto disso. Escrevo sobre sofrer, e sofro por não escrever. Eu escrevo sobre sentir saudade, sobre se arriscar, sobre querer. Quero continuar escrevendo.    Se são meus? Talvez. Alguns. Outros também. Passam a ser quando transformo em palavras. Algumas - muitas - histórias vêm de conversas, de outras histórias que não são minhas. Não quer dizer que não senti, só que não vivi.     Eu escrevo sobre vontades, imaginações, desejos, decepções. É que é isso que nos move, e já vimos e pensamos em tanto que não nos toca... Sim, há muitos que já falaram o que ainda vou falar. Sim, há muitos que já sentiram muito mais do que eu. Mas eu continuo a querer falar, e esse, meu caro, é o mais puro dos meus sentimentos. 

Deixa assim ficar, subentendido

   Eu gosto tanto de você que prefiro não incomodar. Gosto tanto que chego a me contradizer, e não aceito o pouco que não deixo de querer. Tanto, que tento me convencer a desgostar, a desfalar, a esquecer. Gosto tanto que prefiro ficar longe, que me forço a sumir, a me fazer de desinteressada ou despretensiosa.    Eu gosto tanto de você, que mesmo sem querer, ainda penso, ainda recordo. Sabe, eu não quis gostar tanto assim. Eu nem sabia gostar assim, e nem sei se aprendi. Eu só sei que sinto, e que minto, que finjo não ligar. Tento convencer meu coração a deixar passar, a entender que o que aconteceu se resume a isso, que o meu sentimento não vem junto com o seu. Ainda não funcionou. Ainda não desgostei. Mas isso vai acontecer, pode crer. Eu gosto demais de você, mas eu gosto mais de mim.

Esquece

   Me fingi de morta para tentar te esquecer. Me fiz de desmemoriada, de retardada, só não de suicida. Me fiz de forte, madura, resolvida. Aí me vi sonhando com você. Droga, cadê o controle do inconsciente? Saí mais, escrevi mais, me maquiei mais. Sorri menos. Não curti sua foto, curti minha vida, não compartilhei minha felicidade com você. Entenda, não foi falta de vontade. Foi racionalidade, foi amor próprio, foi não querer incomodar. E aí me acostumei, me acomodei. Dizem que se acomodar é ruim, mas nesse caso, discordo. Passei a me maquiar menos, e deixei que todos vissem a realidade sob minha face. Voltei a sair menos, e as minhas noites em casa também se tornaram não apenas toleráveis, mas agradáveis. Perdi um pouco do assunto da escrita, mas os textos ainda estão lá. E o sorriso? Esse anda normal, vagando por aí, sem esperar. Às vezes aparece, dá gargalhadas até doer, às vezes me olha de longe. Ele só não me deixa, nunca, sofrer por você.

Eu falharei

   Eu te prometo falhar. Prometo que um dia vou te responder mal, prometo que um dia vou demorar de responder, prometo que um dia vou te cobrar quando demorar para falar comigo, prometo um dia te esquecer. Pode anotar: prometo que vamos brigar, que vou chorar, que vou te irritar, que vou me prometer não mais falar. E até nisso eu vou falhar.     Prometo furar um compromisso, errar o ponto do arroz, perder o horário do filme. Prometo cometer uma gafe com a sua mãe, te deixar numa situação complicada com o meu pai, e te apresentar a mais fofa das avós. Não se preocupe, ela não vai se lembrar de você nas horas seguintes. Eu prometo te escutar, mas pode esperar que depois eu vou falar. E eu falo muito, caramba.    Então, qual a graça? Eu te prometo tentar. Eu insisto, até quando é mais inteligente desistir. Talvez seja mais uma falha minha, ok. Eu vou tentar até esgotar, até a última gota secar. É isso, eu te prometi falhar. E se eu tenho um defeito, querido, é falhar até nisso. Porqu