Ana gostava de Rodrigo, Rodrigo gostava de Ana. Mas Rodrigo também gostava de Luciana, Juliana e Mariana. Lucas gostava de Camila, que também gostava de Lucas, mas gostava mais de notas boas. Rafael gostava de Gabriela, mas ela gostava de cigarros, e ele odiava. Gabriela gostava de Rafael, mas ele assistia novela. Caio gostava de Tati, mas ele era Bahia, ela Vitória. Sabrina gostava de Antônio, que achava que gostava de Manu, mas na verdade era apaixonado mesmo por Fernando. Manu gostava de seus personagens de ficção, e ponto final. Gostar dava muito trabalho, porque as pessoas eram reais demais para serem de verdade.
O amor precisa ser livre. Se não for, simplesmente não será amor. O amor precisa ser livre como passarinho. Precisa poder voar. Precisa ter a liberdade de construir outro ninho. O amor precisa ficar porque quer estar. Não adianta muito ficar apenas porque as asas cortadas já não conseguem voar. O amor precisa ser livre - no início, no meio e no final - para que continue sendo amor, não posse. Precisa ser livre para poder se transformar, sem se prender em amarras. Só o amor livre consegue se transmutar em outras formas de gostar. O amor precisa ser livre, ainda que seja para voarmos para longe dele. É preciso perceber a hora de pousar, mas também a de ir embora. O amor livre é aquele que se alegra com os grandes voos do outro, mesmo que os ventos levem para outros caminhos. Gosto da metáfora do amor-passarinho: dos voos, dos ninhos, da beleza de poder ir, da sinceridade do querer ficar, da independência de conseguir planar sozinho. Meu amor-passarinho vive d
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