Guardo uma foto nossa na carteira. Aquela que tiramos na cabine do shopping, que não percebemos o momento exato que iria disparar e saímos despreparados, rindo, olhando um para o outro, naturais, do jeitinho que a gente era mesmo.
No início, não tive coragem de tirar da carteira. Queria ter um pedaço de você guardado, ainda que você não estivesse mais comigo. Morria de saudades e queria me agarrar a qualquer coisa que pudesse me lembrar de nós. Foi uma fase estranha e meio desesperadora, mas necessária. Precisei passar por ela para aprender que até as piores sensações passam, e para também aprender a não deixar que coisas menores me desesperem.
Depois, acabei esquecendo. A foto foi ficando lá, virada de costas, para não estragar. E quando eu abria a carteira, não via. Ela existia sem que eu me desse conta. O tempo foi passando. O coração foi sarando. Fui me distraindo, me ocupando. Fui te ressignificando. Naquele momento, talvez não houvesse tanto sentido em a foto estar ali. Mas eu não pensava muito sobre isso, porque por um tempo, tinha realmente esquecido.
Um dia, depois de mais umas pequenas histórias vividas, depois de algumas conversas, depois de momentos bons e ruins, fui procurar um remédio de dor de cabeça. E lá estava a nossa fotinha: felizes, espontâneos, vivendo o agora, sem medo do futuro. E eu me peguei sorrindo para o nosso passado. Que sorte a nossa ter vivido tudo isso. Que sorte a minha ter dividido alguns dos momentos mais lindos com alguém tão especial.
Levo sua foto comigo, mas agora por outro motivo. Quero ter sempre um lembrete do tanto de felicidade possível. Do quanto tudo pode ser simples, bom e lindo. Quero garantir que sempre lembrarei o quanto é incrível a sensação de gostar de alguém, saber que esse alguém gosta de volta e que faria muito pela felicidade do outro. Te levo comigo pra me lembrar de mim: o quanto eu fui feliz com você, e o quanto mereço continuar a ser. Entre tantas coisas que aprendemos juntos, talvez essa seja uma das mais importantes: a gente é legal demais com os outros pra se contentar com pouco.
Ainda te levo comigo: na carteira, na memória, no coração, e agora também como padrão. Obrigada.
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