A gente precisa ter coragem para tomar decisões. Fazer escolhas é abrir mão de todas as possibilidades que os outros caminhos oferecem - e que a gente não sabe se, caso fossem escolhidos, elas se concretizariam ou não.
A gente precisa ter coragem para saber o que quer, para dizer o quer, para correr atrás do que quer, e para parar de correr atrás de quem não quer. A gente precisa ter coragem para saber dizer sim e não. Precisa ter coragem para saber ouvir sim e não. E precisa, mais ainda, ter coragem para enxergar sim e não quando alguém devia, mas não teve coragem de dizer.
É preciso coragem para dizer palavras duras, quando elas devem ser ditas. É preciso ter coragem para dizer palavras doces, quando elas devem ser ditas. É preciso sabedoria para dizer palavras duras de forma doce, quando não há como não dizê-las.
É preciso ter coragem para se abrir de novo. É preciso ter coragem para se permitir viver. É preciso ter coragem para sentir o que a vida tem a oferecer. Mas também é preciso ter coragem para saber se retirar. É preciso ter coragem para perceber quando não é hora de ficar. A gente precisa de coragem pra poder se perder, e pra achar graça nisso. Precisa de coragem para conseguir se encontrar.
A gente precisa ter coragem, mesmo sabendo que as pessoas vão julgar. As pessoas sempre julgam. Se nos deixarmos abater pelo medo dos julgamentos, continuaremos sendo julgados, mas sem fazer o que queremos e achamos certo. Precisamos ter coragem para assumir quem somos: o nosso jeito, as nossas vontades, nossos gostos, nossa história, e até mesmo os nossos medos. É preciso ter coragem para se assumir frágil, para pedir ajuda. É preciso ter coragem para arriscar ser quem a gente é.
E assim a vida vai andando: é nos saltos de coragem que a gente tem oportunidade de mudar. É nesses momentos que sentimos um frio na barriga, e refletimos sobre andar, pular, se jogar ou voltar, que os próximos passos são decididos. Se for sem coragem, só continuamos presos ao mesmo lugar. E sem coragem, a vida não anda: ela passa, escorrendo por entre os dedos. Vemos a vida indo, sem sermos agentes que realmente decidem o que querem fazer com ela.
Precisamos de coragem para enfrentar as decisões, os obstáculos, as palavras, as não-palavras. Precisamos de coragem para passar por todos eles, sem deixar que eles passem por cima de nós, ou pior: sem deixar que a vida passe sem que possamos sequer perceber.
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