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Comigo a sua música pode ser diferente


   Eu sei que você já teve dezenas de relacionamentos. E de quase-relacionamentos. E de não-relacionamentos. E que terminou todos eles. Ou que eles foram terminados contra a sua vontade. E, principalmente, eu sei que você deixou de acreditar nas pessoas. Ou, no mínimo, deixou de acreditar que você daria certo envolvido com outras pessoas. Acredite, eu também já pensei tudo isso.
   Eu sei que você já magoou Amélias, Anna Júlias, Carlas e Beatrizes. Que cantou suas músicas no ouvido de cada uma delas, e que realmente achava que sentia tudo que dizia. Sei que, para elas, cada nota final doeu mais do que o momento que você desafinou bem no refrão, mas que nenhuma delas esqueceu sua melodia. Elas sofreram, cantaram, choraram e, por fim, superaram. Mas, ainda hoje, quando ouvem Mário Lago, Los Hermanos, LS Jack ou Chico Buarque, não deixam de lembrar - seja com dor, amor ou rancor.
   Eu sei que você já teve amores menos dignos de músicas. Soube que Fernandas, Gabrielas e Biancas não se encantaram tanto pelo resultado magnífico que o aparelho deixou no seu sorriso. Ouvi falar que Luizas, Rafaelas e Marianas nunca repararam nos seu cílios longos ou no brilho do seu olhar. E que qualquer nome que termine com "a" é capaz de te fazer chorar. Não literalmente. Mas entendi que você cansou de se deixar magoar, e mais ainda de ser o culpado pela mágoa alheia.
   Eu sei que Patrícias, Karinas e Vitórias já disseram também entender. Que nada. Eram só cobranças, ciúmes e desentendimentos. E no fim, acabaram por sair com gritos, lágrimas e xingamentos. Coitadas. Elas te cobraram um amor que você não é capaz de dar. Não hoje, pelo menos. Então, por que comigo haveria de ser diferente? Por que comigo, que não tenho músicas, que não sou musa, que ainda não carrego estratégias de esquecimento? Por que comigo, que ainda não tive rancores para superar, que não tive amores para testar, que não tive dores para aprender?
   Eu não sei o que me faz acreditar que, comigo, talvez a história possa mudar. Só sei que respeito as suas cicatrizes, e que admito não saber muito sobre você. Vamos ter tempo para aprender. Não te peço amor, não te causo dor e prometo não guardar rancor. Só vou te pedir risadas, combinado? Talvez assim eu não seja o seu grande drama, seu maior problema ou a sua melhor história. Mas, fora tudo isso, eu te prometo tentar, pelo menos, ser diferente. Você vai ver, vai voltar a acreditar que as pessoas podem, sim, dar certo. Talvez a gente não dê, mas vai voltar a acreditar em você.

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