Queria livrar-me do tédio que é não ter o que dizer, não ter a quem dizer. Queria que você - esse você meio sem forma definida, metade lembrança, metade imaginação - estivesse aqui para me ouvir, contestar e abraçar.
Você me visitou em sonhos recentes, e fico imaginando se, à noite, também escapo inconsciente para os seus. Você estava mais livre nos sonhos, assim como eu sou mais livre nas cenas que a minha própria cabeça cria. As cenas que não tivemos tempo de interpretar. Mas será que não tivemos mesmo? Acho que, na verdade, fomos nós que não demos tempo ao tempo.
As coisas são assim, acontecem, acabam. Às vezes acontecem de novo, outras vezes não. O tempo não volta, mas ainda está aí, esperando que façam dele algo útil. Só é preciso coragem, vontade. Sua imagem vai reaparecer zilhões de vezes até ser substituída, eu me conformo. Talvez outra aparecerá no lugar dela, talvez você mesmo a atualize por uma mais recente e instigadora. Talvez você nem cogite mais isso, e a minha imagem já tenha escorregado para o fundo das suas lembranças há muito tempo, e hoje seja substituída por a de um outro alguém, ou qualquer outra coisa.
Enfim, chego a uma conclusão: eu voo, sim, inconsciente, para a janela dos seus pensamentos à noite. Resta saber se, usando a chave do sentimento, você a abre para que eu possa entrar.
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