São muitos dias para poucas palavras, são poucos dias para muitos sentimentos, são sentimentos demais para tão pouco papel escrito. Mas, se o peso desse papel ainda consegue ser maior do que a leveza desses tais sentimentos, então, talvez seja compreensível.
Onde estão o sofrimento, a saudade, a catarse? Foram todos embora há muito tempo. E, mesmo assim, o que os mantinha nos textos? A falta de outros melhores para substituí-los. O que os mantinha na vida? Absolutamente nada. E talvez, até quando nem eles conseguiam mais permanecer, e a melancolia ainda brotava das palavras, então era a dor de outrem se manifestando pela escrita solitária.
É parte do ofício, eu sei. Sentir o que não é nosso, sofrer pelo amor alheio que se foi, chorar pela partida que não presenciamos, sorrir com a caixa de chocolates que não ganhamos. E até quando não conhecemos as personagens, criamo-nas para possibilitar o bom texto. Cultivamos a emoção, e no fim a história passa até a ser real - dentro de nós.
O fato é que a inspiração muda. O sentimento muda. A vontade muda. E assim, o texto vai junto, mudando. Ou, nesse caso, diminuindo a frequência. Portanto, com toda a pompa da explicação, desculpem. Os textos vão continuar, porque a vida e as emoções não vão parar. Eles só estão em um momento tão leve que, no momento, preferem voar.
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