O jeito que você cozinha. Na verdade, o jeito que você tenta - mas nunca consegue - preparar algo minimamente comestível. O seu senso precário de localização, que sempre faz com que você se perca e atrase tudo. As suas brincadeiras fora de hora. Você é uma droga. Definitivamente.
Porque você sempre estraga qualquer comida, bagunça a cozinha e tenta me puxar para uma guerra de farinha que eu, com meu espírito antigo, nunca criaria sozinha. E aí, sem mais esperanças, você liga para o meu restaurante preferido e pede a comida que eu mais gosto no mundo. Porque você sempre muda de rumo sem nem querer, me mete nas maiores aventuras e me apresenta os melhores lugares. E, quando se atrasa, sempre aparece com uma história louca e um brilho nos olhos que me faz lembrar que, por uma vida inteira, alguns minutos podem valer à pena. E porque você consegue me arrancar sorrisos até nos meus momentos de raiva, de tristeza ou de tédio. Com certeza, você é uma droga.
Eu não sei bem como te classificar. Alucinógena? Talvez. É que tudo isso era tão bom para ser verdade. Com a minha mania de conhecimentos científicos, poderia te encaixar em drogas psicotrópicas depressoras: mas nada de depressão, estou falando da diminuição de atividade no sistema nervoso, do quanto você me relaxa. Também poderia te rotular de estimulante, se falasse do quanto você me faz ter mais energia, e querer mais, e fazer mais. Podia até te chamar de perturbadora: é que, sinceramente, me perturba o quanto gosto de você. E, droga, você é uma droga. E nessa de experimentar por curiosidade, repetir porque gostou, e ir levando, acho que me viciei. Mas sabe o que é uma droga mesmo nessa história toda? Você é a droga que eu nem tive chance de ter overdose.
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