Era uma coisa tão simples, e ao mesmo tempo tão complexa: olhar para minha estante, abarrotada de livros, e decidir qual seria o próximo que eu deixaria me encantar. Assim, como quem escolhe um amor em uma prateleira. Eu tinha o nome, o autor e a capa. Três informações superficiais, que me instigariam ou não a descobrir o que a orelha me revelava.
Entre tantos títulos, redescobri mais de meia dúzia que já tinha me apaixonado ou entediado antes. Principalmente antes do fim. E pensei, com dó das minhas leituras atrasadas, "que bela leitora você está se tornando". Dessas que para o livro se ele ainda não a surpreendeu. Dessas que esquece o título do que "está lendo" há mais de dois meses - que ela não está realmente lendo, mas que ainda deixa no seu criado-mudo, esperando o dia em que o marcador de páginas magicamente marcará seu fim. Dessas que não dá a chance que o escritor merece. Ou talvez não mereça, mas é preciso pagar para ver.
Deixei histórias, personagens e autores esperando a minha vontade de um dia voltar a lê-los. Redefini prioridades, entre elas, dormir. Fiquei sem tempo, saí, sorri, sofri, voltei. E não li. Que belo exemplo, para quem acredita que tudo merece um digno fim.
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