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Vento que me gira

   Eu acredito em muitas coisas. Eu gosto de acreditar, gosto de dar crédito, gosto de me jogar naquilo que acredito. Eu ainda acredito em você, ainda acredito nisso, apesar de achar que logo logo isso vai mudar. Mas não pararei de acreditar nas coisas que gosto, nem em você, não. Só vou parar de acreditar que isso está acontecendo. E digo assim, "isso", porque não quero definições que confundam mais a minha cabeça. 
   E também não vou parar de acreditar nos outros, pode crer. Os próximos virão como novos, e levarei do passado apenas o aprendizado. Sabe "Vento no litoral"? Pois é. "Quando vejo o mar, existe algo que diz que a vida continua e se entregar é uma bobagem... Já que você não está, o que posso fazer, é cuidar de mim". Tem muitos outros ensinamentos valiosos, mas vamos ficar por aqui. Só te digo que, se há algo que aprendi, lá vai: não faça promessas que não pode cumprir ou fale de um futuro em que não pretende estar; e, por favor, acabe - claramente - o que pretende acabar. Não é só por mim. Dessa vez, é por todas nós. E "nós" inclui qualquer pessoa que goste, que se preocupe, que queira, que crie expectativas, mesmo insistindo no discurso de "não se apega". Porque a gente até tenta, mas o negócio é difícil...

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Amor-passarinho

O amor precisa ser livre. Se não for, simplesmente não será amor. O amor precisa ser livre como passarinho. Precisa poder voar. Precisa ter a liberdade de construir outro ninho. O amor precisa ficar porque quer estar. Não adianta muito ficar apenas porque as asas cortadas já não conseguem voar.  O amor precisa ser livre - no início, no meio e no final - para que continue sendo amor, não posse. Precisa ser livre para poder se transformar, sem se prender em amarras. Só o amor livre consegue se transmutar em outras formas de gostar. O amor precisa ser livre, ainda que seja para voarmos para longe dele. É preciso perceber a hora de pousar, mas também a de ir embora. O amor livre é aquele que se alegra com os grandes voos do outro, mesmo que os ventos levem para outros caminhos. Gosto da metáfora do amor-passarinho: dos voos, dos ninhos, da beleza de poder ir, da sinceridade do querer ficar, da independência de conseguir planar sozinho.  Meu amor-passarinho vive d

Toda noite de insônia eu penso em te escrever

   Eu amava ouvir sua voz. E também amava ler suas mensagens e imaginar que estava ouvindo sua voz. Adorava o jeito que só você me chamava, as brincadeiras que só você entendia, as conversas que só a gente tinha. Eu escrevi tantos textos sobre você, e quase nenhum deles você chegou a ler. Tantas coisas eu pensei em te dizer, e você já não estava mais aqui para escutar.    Você sabe que eu costumo dormir fácil. Quando a aula está chata, quando o caminho é longo, quando ainda há dez minutos antes do próximo compromisso. Eu mal fecho os olhos e já estou dormindo. Mesmo assim, andei tendo umas noites de insônia, uns sonhos perturbados. Em quase todas elas, pensei em te escrever. Pensei em te contar da nova receita que eu aprendi, daquela minha amiga que terminou com o namorado babaca, da faculdade que anda uma loucura. Às vezes eu nem tenho nada para falar, mas ainda vem à cabeça aquele hábito antigo de pegar o celular, escrever nem que seja apenas “olá”.    Toda noite de insônia eu v

João e Maria

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