A grande maioria dos meus textos é pura ficção: pessoas que eu não conheço, mas que provavelmente existem em algum lugar do mundo, histórias que eu não vivi, mas que provavelmente aconteceram com alguém. Isso, contudo, aconteceu comigo. Aconteceu hoje. Eu estava num estado de espírito ótimo, andando pela rua, tranquila e sorridente. Estava extremamente feliz, porque acabei de me inscrever para um intercâmbio, pensando sobre o tanto que a minha vida pode mudar nos próximos meses, o quanto eu vou viver e experimentar.
O problema é que ouvi algo nojento e asqueroso. E o grande problema é que isso é real, e não aconteceu só comigo: acontece com todo mundo, o tempo todo, em qualquer lugar. Eu estava na minha, quando um homem que tinha idade para ser meu avô passou por mim e, sem um pingo de vergonha ou constrangimento, soltou um repugnante "que tetas deliciosas". Isso mesmo. Que tetas deliciosas. Ele me desrespeitou, me assediou, me constrangeu, e ainda me chamou de vaca. Assim, na cara dura.
Eu não tive reação além de abrir a boca e continuar com o queixo caído por muito tempo. Eu não tive coragem de dizer tudo que esse infeliz merecia ouvir. Eu nem consegui mandar ele procurar alguém da sua idade, alguém com vontade de ouvir suas baixarias. Eu não tive coragem de gritar e mandar ele me respeitar, de mandar que ele calasse a boca e enfiasse as palavras dele naquele lugar. Eu não tive coragem de exigir meus direitos, de fazer escândalo e expor aquele sujeito que se acha no direito de ver uma pessoa na rua e falar algo assim.
Não, eu não tenho tetas, porque não, eu não sou uma vaca. Para começo de conversa, eu nem te dei a palavra. Eu nem olhei na sua cara. O que te faz achar que você pode olhar para o meu corpo, sexualizar a minha imagem dessa forma e, ainda, vir me dizer isso? E antes que preconceituosos e machistas digam: não, eu não estava pedindo. Não importa o que eu estava vestindo. Mas, ainda assim, vou esclarecer: blusa comprida, calça e sapato fechado. Percebam que homens nojentos agem assim independente do nosso estado.
Esse sujeito age assim porque sabe que não vai lhe acontecer nada. Tenho quase certeza que ele não esperava uma resposta, e que falou pelo simples prazer de saber que pode. Que ele fala o que quiser e, só por ser homem (e por eu ser mulher, e fisicamente mais fraca e socialmente muito mais oprimida), não vou conseguir responder. E que, se eu ousar responder, eu vou ser a louca da história. Não, eu não sou louca. Eu só estou cansada de presenciar histórias reais como essa, deploráveis como essa, porque mostram, na prática, como nós, mulheres, somos o tempo inteiro reduzidas a "um par de tetas", como somos agredidas, e como o mundo não nos permite que façamos nada sobre isso.
O problema é que ouvi algo nojento e asqueroso. E o grande problema é que isso é real, e não aconteceu só comigo: acontece com todo mundo, o tempo todo, em qualquer lugar. Eu estava na minha, quando um homem que tinha idade para ser meu avô passou por mim e, sem um pingo de vergonha ou constrangimento, soltou um repugnante "que tetas deliciosas". Isso mesmo. Que tetas deliciosas. Ele me desrespeitou, me assediou, me constrangeu, e ainda me chamou de vaca. Assim, na cara dura.
Eu não tive reação além de abrir a boca e continuar com o queixo caído por muito tempo. Eu não tive coragem de dizer tudo que esse infeliz merecia ouvir. Eu nem consegui mandar ele procurar alguém da sua idade, alguém com vontade de ouvir suas baixarias. Eu não tive coragem de gritar e mandar ele me respeitar, de mandar que ele calasse a boca e enfiasse as palavras dele naquele lugar. Eu não tive coragem de exigir meus direitos, de fazer escândalo e expor aquele sujeito que se acha no direito de ver uma pessoa na rua e falar algo assim.
Não, eu não tenho tetas, porque não, eu não sou uma vaca. Para começo de conversa, eu nem te dei a palavra. Eu nem olhei na sua cara. O que te faz achar que você pode olhar para o meu corpo, sexualizar a minha imagem dessa forma e, ainda, vir me dizer isso? E antes que preconceituosos e machistas digam: não, eu não estava pedindo. Não importa o que eu estava vestindo. Mas, ainda assim, vou esclarecer: blusa comprida, calça e sapato fechado. Percebam que homens nojentos agem assim independente do nosso estado.
Esse sujeito age assim porque sabe que não vai lhe acontecer nada. Tenho quase certeza que ele não esperava uma resposta, e que falou pelo simples prazer de saber que pode. Que ele fala o que quiser e, só por ser homem (e por eu ser mulher, e fisicamente mais fraca e socialmente muito mais oprimida), não vou conseguir responder. E que, se eu ousar responder, eu vou ser a louca da história. Não, eu não sou louca. Eu só estou cansada de presenciar histórias reais como essa, deploráveis como essa, porque mostram, na prática, como nós, mulheres, somos o tempo inteiro reduzidas a "um par de tetas", como somos agredidas, e como o mundo não nos permite que façamos nada sobre isso.
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