Há alguns meses eu me deparei com um projeto incrível de uma artista americana: The Unsent Project, de Röra Blue. A ideia é mandar anonimamente, para o projeto, aquela mensagem que você acabou não mandando para o seu primeiro amor.
É claro que eu me perdi no arquivo do site, que hoje conta com mais de 34.000 mensagens, cada uma com o nome do destinatário e a cor que aquela relação representou. Eu fiquei tão encantada com a história, com os sentimentos e com a ideia, que enviei um e-mail para Röra, elogiando o projeto e pedindo autorização para escrever histórias baseadas nas mensagens. Ela foi extremamente fofa, e foi assim que escrevi Espero que ela use o mesmo perfume que eu.
Há alguns dias, olhando entre as milhares de novas mensagens, me deparei com essa e tive vontade de, novamente, escrever um texto sobre elas.
"Amar você foi a última coisa em que eu me senti realmente boa". Eu não sei por que essa, em especial, me deixou tão pensativa. Talvez seja aquela coisa meio fúnebre do amor que acaba e leva toda a graça e beleza embora. Talvez seja a triste história do amor que vai embora e deixa a outra parte, ainda amando, completamente despedaçada. Talvez, seja porque eu tento, ainda no pior dos momentos, enxergar algo de bom - e pensar que somos algo bom - no mundo. O amor pode ser magnífico, mas ele não é a única coisa nas nossas vidas. Nós já éramos alguém antes dele, e temos de continuar sendo. Alguém com qualidades e defeitos, com momentos bons e outros nem tanto, mas alguém que, pelo menos, é bom em continuar tentando.
Então, eu parei para pensar sobre toda a ideia do projeto: por que não enviamos nossas mensagens? Por que seguramos as coisas que queríamos tanto dizer, para alguém que foi tão importante? Por que mantemos em segredo nossos sentimentos mais profundos, por que deixamos que lembranças consumam nossas cabeças e simplesmente não clicamos no botão de enviar, ou abrimos nossas bocas e falamos tudo que estava preso na garganta?
Falando por mim, talvez isso seja causado pela timidez. Entretanto, mesmo com toda essa timidez, eu tomei coragem e falei tudo que sentia que precisava falar (e escrevi sobre isso em Sempre foi sobre mim). E por que, quando o caso não é timidez, ainda assim, as pessoas não dizem o que querem? Pode ser pelo medo do que o outro vá achar, mas, sinceramente, você só vai saber se falar. Pode ser porque aquela história já passou há muito tempo. Nesse caso, vale uma reflexão: se o passado sempre volta à tona, será que a história já passou mesmo? Talvez seja preciso falar o que te angustia e se livrar dos fantasmas para conseguir seguir em frente. Às vezes, por qualquer motivo, você não tem mais o contato daquela pessoa que te marcou como primeiro amor.
Em todos esses casos, eu te desafio: fala o que sente, não mente, não guarda, não reprime. Vai com o coração aberto, sem esperar nada em troca, vai por você - pelo prazer de dizer o que segurou por tanto tempo. E se não conseguir ou não der para enviar? Manda pra Röra (aqui), manda pra mim (se quiser que vire texto, manda por aqui), só não deixa isso preso assim!
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