Eles eram um ainda-não-casal muito, mas muito fofo mesmo. Eram parecidos na medida em que você pensa "foram feitos um para o outro", e diferentes na medida em que você pensa "esses se completam". Eles viviam grudados não como se fossem dois, mas um. Riam juntos como se fossem vários. E sorriam como se fosse para sempre.
Eles ainda não sabiam. Mas também, só eles ainda não sabiam. É que era tão claro, tão nítido que aqueles dois tinham tudo para ficarem juntos que, na cabeça de todo mundo, eles simplesmente já estavam. Talvez ele já soubesse que gostava dela. Bom, sim, ele já sabia. Mas talvez ele também já soubesse que gostava dela daquele jeito. Talvez, ele só tivesse medo de como ela agiria quando soubesse que o jeito de que ele gostava dela já não era mais o mesmo. Ou, talvez, ele tivesse medo de como ele próprio reagiria quando soubesse que ela já sabia.
Talvez ela morresse de medo de estragar a amizade dos dois. Talvez ela tivesse medo de limitar sua liberdade, de não se sentir tão à vontade, de dizer sim à oportunidade. Talvez ela estivesse com medo de sentir medo.
Ele tinha ajudado quando ela precisou perder o medo de andar de bicicleta. Depois disso, ela decidiu descer a ladeira sozinha, perdeu o controle e se arrebentou no asfalto. Foi a pior queda de sua vida, e até hoje ela tem uma cicatriz no cotovelo. Até hoje, ela mostra essa cicatriz com orgulho quando ganha cada uma das corridas que participa. Ela ajudou ele a chegar nas meninas, quando ele tinha vergonha de falar até "oi". Ele tomou tanta coragem que nem se abalou com o fora mal-educado que levou, e até hoje conta para ela sobre cada uma das garotas que sai. Ou que saía.
Eles eram o ainda-não-casal mais fofo que eu conhecia. E, se o medo dos dois desse lugar à coragem e à alegria que os descrevia, seriam, também, um dos casais mais fofos que eu ainda conheceria.
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