Não acreditava muito nisso, mas disseram que sou muito corajosa. Disseram que eu corro atrás, que realizo, que faço e aconteço. Eu não sei se acredito. Não sei se tenho essa coragem toda, se sou inovadora e destemida. Eu só sei que morro de medo de sentir medo, de me paralisar por causa do que ainda pode vir a acontecer, de não fazer o que eu quero, preciso ou devo, apenas por causa desse medo.
Eu não quero ser a garotinha do "não consigo". Aprendi a andar de bicicleta antes do que queria porque quebrei a minha rodinha numa pedra grande no caminho da praia. Ouvi meu pai dizer que a opção de ficar com apenas uma rodinha me faria cair para o outro lado o tempo todo, e decidi, com meus conscientes cinco anos, que cair apenas algumas vezes, até aprender, era mais proveitoso. Parar de andar de bicicleta não era uma opção. Queria poder levar o meu aprendizado do caso para as outras áreas, com a mesma segurança da menina que, com menos de um metro de altura, aceitou o desafio e encontrou sua solução.
Eu não quero ser a pessoa que pensa tanto nos "se" da questão, que nunca chega ao "sim". Não quero continuar sendo a menina que tenta jogar vôlei e foge da bola - talvez nesse quesito seja melhor não entrar no vôlei -, que não tenta dirigir por medo de bater o carro, que tranca a matéria por medo do resultado.
Talvez minha coragem seja seletiva. Talvez ela até deva ser, para me proteger. Mas eu, definitivamente, não quero ser medrosa. Ainda quero ouvir por aí, depois de atos inusitados, que minha coragem atingiu um ótimo resultado ou, se não tanto, que minha tentativa foi nobre e reconhecida. Ainda quero fazer tantas coisas, ainda tenho tantos sonhos e planos, e ainda preciso passar por tantos obstáculos para alcançá-los... Só mais uns passos. E eu espero que dê certo.
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