Aquelas palavras que não são só minhas, nem sequer de língua alguma. Palavras que são repetidas a todo momento, em todos os cantos do mundo, por tantos casais, que chega a ser cansativo pensar. Incrivelmente, cada vez que saem da boca de alguém - um alguém específico e multiplicado com intermináveis variantes por 7 bilhões de pessoas, pois são todos únicos e especiais, diferentes entre si, mas todos esses passíveis de caírem nos mesmos clichês - essas palavras conseguem parecer surpreendentemente novas. E são.
Porque o que define a emoção que uma palavra é capaz de causar não é a classe gramatical, a divisão silábica ou a tonicidade. Essas coisinhas imutáveis são igualmente insignificantes nos momentos em que se ouve - se sente - aquelas palavrinhas mágicas. O que define todo esse momento se chama circunstância: e ela muda a cada casal, país, época, cultura e gosto.
O que define tudo isso é justamente a ausência da palavra propriamente dita, só a latência naquele silêncio que quer dizer muito, mas morre de medo de ser o primeiro. É o olhar doce, que não precisa de palavras para dizer que se preocupa. É a mão que tenta dizer que cuida. As palavras do amor estão mais nas entrelinhas dos sentidos, nos implícitos dos não ditos, no subentendido. E, talvez, seja por isso que esta escritora que vos fala, ainda com tantas páginas em branco e ideias subjetivas, prefira falar de palavras ainda não ditas (muito mais inspiradoras), a recitar as minhas velhas palavras repetidas.
Comentários
Postar um comentário