Ela era daquelas pessoas que não gostava de textos melosos, de leite condensado ou de novela. Era tudo muito doce, ela dizia. Não vestia rosa, dizia que flores cheiravam à morte e tinha gastura de abraços. Ela não gostava de conversas longas, esmaltes vermelhos e jantares à luz de velas. E, por Deus, ela não entendia como seus pais podiam, por tantos anos, acordar todas as manhãs com o mesmo bom dia. Ela saía à noite, não gostava muito dos olhares do dia. Calçava saltos mais altos que o seu ego, vestia vestidos tão curtos quanto à sua fé na humanidade. Ela gostava de beijos roubados, mas nunca de números trocados. Cada dia tinha um nome diferente: se na segunda era Sofia, na terça era Bia e na quarta Juliana. Ela não se importava com a conversa do dia seguinte, com a saída do fim de semana, com absolutamente nada. Só não queria ser encontrada. Ela acreditava na diversão. Era ali e era agora, não "qualquer hora", não hora nenhuma depois. Ela defendia aquela
Cadernos Vermelhos é a versão pública e virtual do meu fiel caderninho, companheiro de todas as horas e inspirações. Fique à vontade e desfrute de histórias, rimas e emoções.