Um dia desses eu chorei porque não sabia muito o que fazer. Falta pouco mais de um ano para me formar, e a incerteza do futuro me desespera. Como vai ser? Quem eu vou ser? Já tenho medo, desde agora, do dia depois da formatura. Eu vou acordar, me arrumar, e pra onde vou? Tudo bem, não preciso ser dramática. Logo no dia após, devo querer ia à praia e descansar. Mas e depois? E quando a estatística bater na porta? E quando deixar de ser estudante pra ser oficialmente desempregada? O que fazer?
E será que eu vou mesmo decidir me mudar? E vou aprender tudo de novo? Ou não vou aprender e errar? Tenho medo de me prejudicar, e aos outros também. É tudo tão novo e são tantas possibilidades. Eu não sei escolher. Assim como, antes de decidir o que faria na faculdade, tudo parecia tão aberto e indefinido. Você simplesmente tem que decidir, aqui e agora, quais são os próximos passos, e eles definirão o seu futuro. Não tem roteiro, não tem dica, não tem resposta correta. É arriscar ou arriscar, porque não existe mais segurança.
Talvez você não esteja perdido com isso. Talvez esteja fazendo o que sempre quis da vida, e tenha a exata certeza de para onde ir. Talvez você tenha todos os seus passos calculados. Mas mesmo assim, talvez, a vida não te deixe seguir nesse caminho tão planejado. Talvez a vida te mostre melhores opções. Talvez mostre que ele não é tão bom quando parecia ser. Talvez você nem saiba como acabou parando em outro lugar.
Talvez você não esteja nessa fase. Talvez não tenha tido oportunidade de estar, não tenha tido o luxo de ficar em dúvida por ter essas escolhas. Eu imagino que não deva ser fácil.Talvez você sempre tenha querido seguir um rumo, mas nunca tenha conseguido andar naquela direção. As necessidades e responsabilidades podem ter te puxado e afastado desse sonho distante.
Talvez você não esteja nessa fase porque tanto já caminhou, que cansou de andar. E está há tanto tempo nesse caminho cansativo, sem enxergar um destino, que não sabe mais se vai continuar. Alguns desvios aparecem no percurso. Você sempre pode dar meia volta, mas não sabe se não seria um desperdício dos passos já dados.
Talvez você esteja muito longe de sequer escolher uma direção. Talvez nem tenha que andar por si só ainda. Talvez seus pais ainda te deixem na porta da escola, na hora certa, enquanto você precisa assistir às aulas já programadas e passar nas provas. Por enquanto, seu caminho já está trilhado. Acredite, depois piora. Mas, enquanto você está aí, esse é o seu desafio, e é o que está preparado por enquanto. Faz parte da jornada aprender a andar no terreno mais seguro e tranquilo. É o seu momento.
Talvez você já esteja terminando o caminho, e sinta saudades das pessoas que ficaram para trás, ou daquelas que se adiantaram e você não viu mais. Talvez só espere a faixa de chegada. Talvez o caminho nem seja mais uma preocupação e você só continue andando porque se acostumou a andar.
O fato é que estamos todos perdidos. Se não muito, um pouco. Se não aqui, ali. Estamos todos procurando coisas que nem sabemos o que são ou como devemos encontrar. Corremos atrás de linhas de chegada que mudam a cada minuto. Rodamos no mesmo labirinto sem saber o que nos espera na próxima curva.
Eu podia dizer que vejo muita beleza nisso. Realmente acredito que exista, mas nesse momento, o labirinto é aflição. Por enquanto, o labirinto é indecisão. A única beleza que consigo enxergar, agora, é que se há labirinto, estamos todos juntos. E não estar perdida sozinha já é uma forma de se encontrar. Se não "o quê", "alguéns".
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