“João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que
amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados
Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para
tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha
entrado na história”.
As histórias da vida vivem se cruzando, se entrelaçando,
brincando de se encontrar e desencontrar. Mas essa história não tem Teresa, não
tem Raimundo, não tem Joaquim e nem Lili, e muito menos J. Pinto Fernandes. É a
história de João e Maria, sem bruxa, sem casa de doces, sem irmãos perdidos na
floresta.
João era do Sul, e foi morar em Portugal para estudar
economia. Maria era baiana, da terra do dendê, do carnaval e da praia.
Atravessou o atlântico para, em seis meses, vivenciar as raízes do Direito que
aprendia. Coimbra, dos estudantes, dos doutores e da saudade foi o cenário dessa
história que eu já contei como começou.
João e Maria encontraram a beleza das diferenças, e cada um
apresentava um Brasil que o outro não conhecia. João e Maria passavam as tardes
no parque, até que a noite caía. João e Maria diziam que não queriam nada
sério, mas a cabeça não mandava no que o coração sentia. João e Maria começaram
a namorar quando nenhum deles ainda sabia.
João e Maria eram um casal fofo: ela falava “oxe”, ele
chamava ela de guria. Ele tinha 1,87, e achava que por isso ela era baixinha.
Ele respondia “capaz”, e ela não entendia nadinha. João e Maria amavam a
companhia.
Os seis meses estavam acabando, e João e Maria sabiam o que
aquilo dizia. Maria voltava para a Bahia. Em Portugal, João ficaria. No
aeroporto, o casal choraria. Não foi diferente.
Maria chegou a Salvador, com calor, com saudade e com temor.
Não sabia como ia ser. O que fazer? Como duas vidas tão distantes ainda
poderiam se encontrar? A solução encontrada foi ligar. Por vídeo, muitas horas,
vários dias. Aquilo não era o bastante. Não para um amor tão grande.
João e Maria estavam distantes. Seis mil quilômetros, para
ser mais exata. Também estavam pertinho: ele estava ali, todo dia, no seu
celular. Ela contava tudo que acontecia, ansiosa para o dia que o veria. E esse
momento, depois de cinco meses, finalmente chegaria. Pra ser mais exata, faltavam apenas oito dias.
Maria era pura alegria.
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