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Mostrando postagens de abril, 2017

Sobre pessoas iô-iô

      Pessoas iô-iô. Não seja uma delas.    Eu tive um paquera que disse que não fazia ideia do que queria. Subestimei sua indecisão. Pensei que se resumisse ao pacote básico do jovem moderno: me sinto perdido no mundo, não entendo o sentido da vida, será que estou no lugar certo? Não era só isso.    Esse paquera tinha o péssimo hábito de falar alguma coisa, receber uma resposta, ignorar e nunca mais dizer nada sobre o assunto. E ele insistiu em fazer isso com alguém que detesta ser ignorada. Ele deixou de ser paquera. Mas ainda assim, vez ou outra, aparecia para dizer que estava vivo. E sumia deixando outra resposta no ar.    Uma dessas vezes, um texto do EOH apareceu no meu Feed: Faça amor, não faça jogo . Não era caso de amor. Mas também era tão desnecessário o joguinho... O escritor contou que uma de suas antigas paqueras sempre demorava quatro dias para responder o que quer que fosse. Um dia qualquer, ela mandou um "estou com saudades". Eu não saberia adjetivar

A gente não faz ideia do que está fazendo com a vida

   Já ouvi isso de várias pessoas. Em vários momentos, em várias situações. Já falei uma dezena de vezes. E, muitas dessas vezes, me senti mais perdida do que a frase era capaz de explicar. Sim, eu estou num bom caminho. Parece que a maioria de nós está, não é mesmo?     Sim, parece que eu sou mesmo o modelo de menina certinha que costuma tirar boas notas, que tem um bom relacionamento familiar, que não tem grandes problemas de saúde, que é vista como fofinha e que sempre dá bom dia às pessoas. Eu não xingo e nem bebo refrigerante. Que tal completar a lista de aparências que faz tudo parecer perfeito? Eu tenho a sorte de comer e não engordar. Eu publiquei um livro aos dezessete anos. Eu passei em primeiro lugar para Direito, numa Universidade Federal. E, no meu ano e com a minha nota do ENEM, eu podia ter entrado em qualquer curso de qualquer universidade do país. Nossa! Deixa eu contar a verdade: eu nem tive oportunidade de comemorar essa aprovação. Coisas maiores e muito mais comp

Encontros e despedidas

   Ela estava voltando de uma viagem à Tailândia. Muitas horas de voo, uma mala pesada, a roupa amassada. E um rosto tão contente que ninguém imaginaria que ela estivesse tão cansada. Planejou essa viagem um pouco em cima da hora: tinha só o tempo necessário para conseguir organizar a parte burocrática e, então, entrar num avião e decolar rumo ao desconhecido. Foi sozinha. Tinha aprendido a gostar tanto da própria companhia, que já não se importava em passar horas calada. Era bom para refletir, para sentir, para se conectar. Assim que chegasse em casa, já ia começar a juntar dinheiro para seu próximo destino.    Combinou com o pai de buscá-la no aeroporto. Enquanto ele não chegava, ela comprou algo para comer, sentou e tentou começar a responder as mensagens no celular. A internet estava lenta, e nada de carregar. Ela levantou o rosto, como se pedisse um sinal divino do céu. E, melhor que isso, ali, na luz que emanava do exterior, pelas portas de entrada, ela viu um rosto conhec

Pessoas não são para sempre

   Esses dias de chuva lavam a nossa alma. Parece que fazem transbordar, de dentro de nós, sentimentos guardados, escondidos. Expõem os nossos medos, choram nossos rancores, derramam nossos amores. Esses dias de chuva levam tanta coisa embora, botam as mágoas para fora, fazem uma grande confusão. E, assim, aliviam a pressão.    Hoje foi um dia de chuva, na cidade e na minha vida. Às vezes, nesses dias, tudo que a gente precisa é que os olhos virem nuvem: que expulsem, nas lágrimas, tudo que há de angustiante dentro de nós. Às vezes, a gente precisa de um colo, um abraço. As primeiras pessoas que você pensa quando se dá conta de que tudo que precisava eram braços para te proteger, eu arrisco dizer, são das mais importantes na sua vida.    Hoje foi um dia de chuva porque, mais uma vez, percebi que esses braços que sempre me acolheram, agora, precisam de proteção. E que eu não tenho muito o que fazer. E que outras pessoas também não têm. É como estar no meio da chuva castigante, em um