Eu tive uma época em que escrevia muito, lia de tudo. Eu amava textos melosos, românticos, bem parecidos com os meus. Eu praticamente só assistia a filmes de comédia romântica, daqueles que nas primeiras cenas você já desvenda o enredo inteiro. Eu suspirava com a cabeça no travesseiro. É, eu já pensei que a vida era tudo isso. Assim como um conto de fadas, como os meus livros encantados de chick-lit. Eu exagerei. Eu sou exagerada.
Hoje, eu olho para trás - quando dá tempo de olhar para trás - e rio do quanto era boba. Rio de como eu enxergava tudo no superlativo, de como minhas emoções tinham que vir no aumentativo, de como tudo era tão diferente do que é hoje.
Talvez hoje as coisas sejam muito cinza. Eu leio textos chatos, não vejo mais novelas, tenho assistido a filmes sobre crimes. Muita coisa perdeu a graça. Eu não visito mais os blogs que costumava visitar. Eles continuam bem iguais, o problema é que eu já não me reconheço naqueles textos. E nem teria como. Eu não estou vivendo isso. E, muito provavelmente, eu nunca nem vivi.
Eu percebi, com o tempo, que não sou a menina do sorriso tímido que toma chocolate quente numa mesa de um café charmoso, acompanhada apenas de um bom livro, enquanto assiste ao pôr do sol. Fui ao cinema sozinha na semana passada, mas não estava bem nos meus planos: é que o resto deu todo errado, me vi no shopping, sem nada para fazer durante três horas e o preço do uber estava mais caro que o de um bom filme. Foi legal, leve e diferente. Mas, definitivamente, não foi como as crônicas que falam dessa leitora charmosa e misteriosa.
Eu também não sou aquela mulher poderosa e multifuncional que eu costumava imaginar. Estou me virando em mil só para estudar. E eu ainda nem comecei a estagiar. Acho engraçado como eu estudava para o vestibular. Como eu pensava que meus problemas estariam resolvidos quando me tornasse universitária. Ingenuidade é uma bênção.
Eu não precisei descobrir que não era aquela garota popular de quem todo mundo fala e com quem todas as outras querem parecer. Isso eu já sabia há muito tempo. Eu não sei, talvez tenha perdido a minha habilidade de sonhar. Talvez - e eu espero que sim - seja só falta de prática. Talvez seja uma lição de vida, daquelas necessárias.
Aprendi que eu não sou tudo isso. Não sou super heroína, não sou super modelo, não sou super inteligente. A vida também não é tudo isso, então talvez estejamos quites.
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