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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

São tantos amores inacabados

    Era uma coisa tão simples, e ao mesmo tempo tão complexa: olhar para minha estante, abarrotada de livros, e decidir qual seria o próximo que eu deixaria me encantar. Assim, como quem escolhe um amor em uma prateleira. Eu tinha o nome, o autor e a capa. Três informações superficiais, que me instigariam ou não a descobrir o que a orelha me revelava.     Entre tantos títulos, redescobri mais de meia dúzia que já tinha me apaixonado ou entediado antes. Principalmente antes do fim. E pensei, com dó das minhas leituras atrasadas, "que bela leitora você está se tornando". Dessas que para o livro se ele ainda não a surpreendeu. Dessas que esquece o título do que "está lendo" há mais de dois meses - que ela não está realmente lendo, mas que ainda deixa no seu criado-mudo, esperando o dia em que o marcador de páginas magicamente marcará seu fim. Dessas que não dá a chance que o escritor merece. Ou talvez não mereça, mas é preciso pagar para ver.    Deixei histórias,

Ninguém consegue se comparar

    Você é melhor que todos os outros. E nem o melhor beijo – aquele que conseguiu até ser melhor que o seu – consegue se comparar com o seu. Parece um paradoxo, mas ao mesmo tempo tudo parece extremamente simples: é que, em você, nada é apenas isso. Em tudo há mais. E o seu beijo não era só o beijo.     Até o mais bonito de todos, muito mais bonito que você ou qualquer dos outros, não se compara com você. Porque, em você, há mais que beleza. Eu nem te achava bonito quando te conheci, para falar a verdade. Mas não esqueço uma das últimas vezes em que te vi, a gente conversando de lado, e eu olhava para você, esse sorriso aberto, e pensava no quanto tudo aquilo era lindo.     Você é melhor que todos os outros. Porque nem a conversa mais emocionante – em que eu descobri que faria coisas que nunca pensei, e que eu poderia ser forte e corajosa – consegue chegar perto das conversas que tínhamos. Quando a gente simplesmente falava besteira, fazia brincadeiras, quando dormia no celular,

Você é uma droga

   O jeito que você cozinha. Na verdade, o jeito que você tenta - mas nunca consegue - preparar algo minimamente comestível. O seu senso precário de localização, que sempre faz com que você se perca e atrase tudo. As suas brincadeiras fora de hora. Você é uma droga. Definitivamente.    Porque você sempre estraga qualquer comida, bagunça a cozinha e tenta me puxar para uma guerra de farinha que eu, com meu espírito antigo, nunca criaria sozinha. E aí, sem mais esperanças, você liga para o meu restaurante preferido e pede a comida que eu mais gosto no mundo. Porque você sempre muda de rumo sem nem querer, me mete nas maiores aventuras e me apresenta os melhores lugares. E, quando se atrasa, sempre aparece com uma história louca e um brilho nos olhos que me faz lembrar que, por uma vida inteira, alguns minutos podem valer à pena. E porque você consegue me arrancar sorrisos até nos meus momentos de raiva, de tristeza ou de tédio. Com certeza, você é uma droga.    Eu não sei bem co

Espero que ela use o mesmo perfume que eu

   Dois anos. Dois longos anos desde a última vez que te vi. Desde que você decidiu que aquela seria a última vez que eu te veria, mas preferiu não me avisar. Aquela vez em que nem o seu sorriso aberto conseguiu disfarçar a intenção do seu olhar. Dois anos em que eu lembrei, e senti, mas não chorei.    E aí eu fiquei sabendo, sabe-se lá por quem, que você estava namorando. Logo você, que sempre disse ter aversão a essa palavra. Logo você, que me olhava com cara de nada quando alguém perguntava "e aí? Vocês estão juntos ou o quê?". Logo você, que me apresentou à sua mãe pelo nome, sem nenhum adjetivo que desse pistas do que pensava sobre nós dois. Então agora você estava namorando?    Não é que eu tenha procurado saber. Mas é que o mundo é tão pequeno, e gira tão rápido, que um dia uma foto dela veio aparecer justamente no meu Facebook. Uma colega da faculdade, que comentou "quanto amor!" na foto que ela - e só ela - postou. Não foi como se uma faca se enfias