Oito meses atrás, eu estava chorando, vermelha e com o nariz entupido, deitada numa cama alheia como se fosse a minha. Falava sobre como esse ano seria importante e difícil. Eu já sabia. Ao mesmo tempo, me culpava por ter perdido uma inscrição que achava que precisava fazer. Eu não sabia o quanto seria melhor poder fazer depois. Eu falava sobre como precisava decidir coisas fundamentais na minha vida, e como não tinha a mínima ideia do que fazer com elas. E chorava. Muito.
Agora, oito meses depois daquela sessão de choro encarando o teto, eu continuo encarando a vida: qual o próximo passo? Qual caminho é melhor escolher? Por que ainda não tenho ideia do que fazer? Já tive mais outros momentos de choro por causa dessa indecisão. Já tive outros tantos momentos de choro por emoção. Realmente, tem sido um ano importante, difícil e cheio de tensão.
Quando olho para trás, para aquele meu desespero, percebo que, ainda que tudo pareça tão confuso e perdido, é melhor não se desesperar. Foi uma pena, naquele momento, ver que tinha perdido a inscrição. Foi um alívio, quando a época da prova chegou, não precisar fazê-la exatamente num dos piores momentos dos últimos tempos. Meu coração estava despedaçado e minha cabeça era só confusão. Não tinha a mínima condição. Eu não tinha como saber, quando não fiz a inscrição, mas não fazer a tal prova foi a melhor opção.
Fiz a bendita prova na edição seguinte: com a cabeça livre, o coração leve e a alma cheia de coragem. Fui aprovada. Alívio, felicidade, mas nem tive muito tempo para comemoração: logo logo me meti em mais uma função. E agora, ainda com tanta coisa para fazer, ainda com várias atividades para dar conta, prazos para entregar, TCC para escrever, o coração insiste em sofrer. Fica se perguntando, como se eu já não tivesse tanto para resolver, o que é que, afinal, eu vou fazer?
Ai, coração, se acalma um pouco, por favor. Tem tanta coisa pra acontecer nessa vida antes de eu precisar escolher. Tem tanto texto pra ler, tem tanto chão pra andar, tanta gente pra conhecer, tanta história pra contar... Aquieta essa agonia de ter que saber o que vai ocorrer daqui a 100 dias. Ficar pensando tanto não vai te fazer descobrir, só confundir.
Eu sei que você não gosta de sofrer, que o lado racional quer se precaver e que acha que imaginar todas as hipóteses possíveis é a melhor forma de se proteger. Mas tem coisas que a gente não tem controle. Algumas oportunidades vão aparecer. Algumas coisas vão acontecer sem motivo. Alguns encontros vão surgir dos fatos mais inesperados. Alguns passos podem nos levar a lugares não imaginados.
Para nada disso eu tenho bola de cristal. Assim como não tinha quando chorei pela tal inscrição. Do mesmo jeitinho que não sei se, daqui a oito meses, estarei feliz com a minha nova situação. E, não tendo como saber, sinceramente, quebrar a cabeça não parece solução. Então, respira, conta até três e presta atenção: uma coisa de cada vez, só um problema em cada mão. Calma na decisão. Dedicação. E, pra completar, sorte para o que optar!
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