Quem me dera Ser simples como um número Feliz como uma soma Decidida como uma subtração Quem me dera Ser tantas Compartilhar na divisão Me triplicar na multiplicação Quem me dera Que a vida tivesse respostas exatas Que os problemas viessem com fórmulas Que as teorias já fossem sólidas Mas se até os números Têm dízimas periódicas E se até a calculadora Às vezes desiste de calcular Quem sou eu Pra querer simplificar? Eu sempre fui mesmo De preferir sonhar E sonhos Não são matemáticos Nem exatos Nem possivelmente contabilizados Sonhos Se forem pra contar Exigem outro tipo de conta Eu chamo de rimar
Sabe quando você escova os dentes E num descuido Acerta um ponto Desconhecido Você não sabe como Nem quando Aquele golpe te acertou E apenas reage Como se fosse colocar tudo pra fora Como se fosse a hora Como se fosse expulsar Algo sem nem saber o que será Sabe quando você sente Que precisa escrever Que precisa falar Ainda que não saiba o quê Você deseja gritar? Pode parecer diferente De quando escova o dente Mas essa urgência de expulsão Pode ser ânsia ou inspiração