Ontem decidi arrumar o quarto. Comecei pelo armário, e tentei organizar, ali, toda a bagunça da minha vida. Entre cabides e roupas jogadas, dobradas ou amassadas, achei memórias esquecidas, sentimentos desprezados, e decidi pendurar, de novo, minha autoestima. Ela andou meio caída. Passei para a mesa de cabeceira. Eram coisas mínimas, cacarecos, todos escondidos em gavetas que, por fora, davam um ar arrumado à desorganização de qualquer coração. Na sacola que jogaria no lixo, recolhi as mínimas mágoas que ainda guardava por ali. Por fim, passei para a minha bancada. Entre os livros que muito usava, ali, aparecendo para quem quisesse ver, e principalmente para mim, aquele livro que você me indicou. Eu respirei, suspirei, lembrei. Não precisava lembrar mais. Já fazia tanto tempo. O livro era muito bom, sim, com certeza. Mas eu já tinha lido, relido e refletido. Peguei, com cuidado, e levei para a minha estante, dentro do armário do outro quarto. Era ali que ele ficaria,
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