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Abra suas asas

   O que significa voar? Era tudo que ela conseguia pensar. Andava com essa ideia fixa há um tempo. Meses, para ser mais exata. Talvez até um ano. Tudo tinha alguma analogia com passarinhos, voos, ninhos. Tudo era oportunidade, vontade, necessidade. E ela sonhava alto demais. Lá em cima, nas nuvens, seu eu futuro observava o presente, a observar a janela, pensando em como finalmente alcançar aqueles objetivos. 
   Eram objetivos meio indefinidos. Nada de suicídio, para evitar a confusão: seu voo tinha aversão a se jogar de janelas ou qualquer coisa do tipo. Ela sonhava com asas que denominava esforço, às vezes sorte. Não importava muito. Tudo o que pensava era em quando já estivesse lá. Queria vento no rosto, a balançar seus cabelos. E nada de borboletas no estômago - ela queria ser a própria borboleta a voar.
   Seu sonho de voo também não tinha muito de fugir do ninho. Era mais como ser capaz de criar o próprio ninho. Era como assumir as rédeas da própria vida. Mas nada de rédeas, que seu negócio não era com cavalos, mas passarinhos. Aquele voo podia ser para conhecer o mundo todo. Também podia ser para conhecer todo o mundo que havia dentro dela. 
   Voar podia ser milhares de coisas. Podia ser o futuro dela. Podia ser a liberdade, a felicidade. Voar podia ser um sonho. Mas, com certeza, voar era um sorriso. E ela sorria todos os dias.

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